Recent

Postagens mais visitadas

Navigation

O CALANGO


O CALANGO

Diz o ditado popular que quem beber da água do açude do Calango
sempre terá que retornar a Várzea.



O Calango continua lá. Bendito açude. Eu bebi das suas águas.
Aliás, quanta gente tem uma estória para contar passando pelas águas do nosso inesgotável açude. Muita gente foi embora para muito longe, mas aonde quer que ora se encontrem, trazem vertente a lembrança do Calango, de seu paredão, de sua casinha de taipa, de seu coqueiro solitário.

O Calango nunca se esgota no coração da gente.
É de marejar os olhos e limpar a visão o entardecer contemplado dali, na beira do açude, a natureza varzeana se mostra mais linda sob fantástico pôr-do-sol
da cidade de São Pedro.

Quem parar para observar, vai poder tirar a prova: o alaranjado do horizonte é de toda beleza e não acontece em qualquer lugar. É exclusivo, deixando na paisagem de um silêncio que berra, um cheiro de terra e curral, um cheiro e mato e anus brancos e pretos a roubar a cena.

Eta que mundinho bom, de uma gente simples, de andar vagaroso...
Sob a sombra das árvores, um cavalo à espera do seu dono.

Quando eu era pequeno, o Calango era para mim do tamanho do oceano.
Hoje, diante dele, o açude a lampejar a luz do sol poente, parece um fosco farol no imenso oceano do tempo. Mas a saudade, esta é sem tamanho. É imensurável.
Do Calango ninguém esquece e todo mundo, por mais distante, um dia teima em enxugar a lágrima que escorre, sangradouro de um tempo bom, tempo de quintais, tempo de pardais, tempo que não voltará jamais... Mas o Calango continua lá, quieto, espelhando a cidade de Várzea que cresce.
Quanta gente nova, vida nova que chegou para ficar.
Na vida há tempo para tudo... até para voltar ao começo de tudo.
A tarde caía e o sino da matriz dobrava anunciando a hora do "angelus".
Ave-Maria, cheia de graça!
Sentados ali no chão, nós corríamos o pensamento atrás de lendas, como se viajássemos, saindo dali, correndo o mundo, mas com os pés no chão, ali à beira do Calango. Não demorava, ouvia-se o canto vindo lá da Rua Nova, era a amplificadora do Sargento Xavier, a entoar seus hinos evangélicos.

Bela tarde! Várzea!
Como são bonitos seus entardeceres.
Eu lá voltarei. Afinal, de suas águas eu bebi. Nelas me lavei... eu voltarei viu, meu coração! Quem foi que disse que dessas águas eu não beberei? Eu bebi, sim, estou vivendo.... Tem gente que não bebeu, não sabe o que perdeu. Eu estou vivendo.... apesar da saudade.
E a saudade, mata a gente, Marina, Iane... é tanta gente bonita que tem essa Várzea. Aliás, morenas varzeanas, de endoidecer.
Várzea, quem te viu, quem te vê!
Eta cidade boa! Que água boa tem essa terra,
eta Calanguinho bom!!!
Quem não Concorda comigo?


Texto de João Maria Ludugero para o DNT
Share
Banner

Beto Bello

Post A Comment:

0 comments:

OS COMENTÁRIOS POSTADOS AQUI SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR DO COMENTÁRIO.

PARA FAZER COMENTÁRIOS NO VNT:

Respeitar o outro, não conter insultos, agressões, ofensas e baixarias, caso contrário não serão aceitos.

Não usar nomes de terceiros para emitir opiniões, o uso indevido configura crime de falsidade ideológica.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.