MATURIS
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Autor: Ludugero, 06/02/2009
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O meu ofício
é fugir do ócio
é fazer ponte não cerca:
cavar buraco, aprumar estacas,
esticar arame com pé de cabra,
abrir portas e porteiras
abrir janelas para o sol
esticar a alma no curtume
pregar grampo no mourão
mergulhar fundo lá no retiro
tanger meu gado a beber água
lá no açude do Calango
matar a sede da saudade.
Em troca peço muito pouco:
eu quero apenas a sombra do cajueiro
quero um cajueiro em flor,
flor-essência,
quero maturi
ou seja
o caju novo,
ou,
propriamente,
a castanha verde, grande e mole
do caju
antes do desenvolvimento
do pedúnculo,
antes da maturidade
quero colher
manga madura no pé
apanhar caju
de manhãzinha
basta me dar leite azedo,
rapadura, feijão e farinha
e uma hora de rede
deitado à de sombra
do meu pé de graviola.
Na verdade, peço pouco
Preciso de nada mais não!
dê-me coalhada todo dia,
que eu cerco o mundo num instante
pros bichos não se perderem
da minha Várzea.
.VNT Online, postado em 23/02/2009
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