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O LADO BOM DA CHUVA...
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Autor: Ludugero, 05/02/2009.
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Chove na torre da igreja.
O azul está molhado.
O vento põe na praça
um soluço de outono, lágrimas.
Os meninos varzeanos tomam banho de chuva,
a alegria semi-nua.
eles lavam a alma e a fantasia
fabricam barquinhos de papel e sonho
a bela Hernocite se debruça na janela
só para ver a chuva de lembranças.
Ao longe range uma porta e bate,
é a saudade insistente que se abre
as dobradiças parecem enferrujadas,
o tempo é testemunha, o raio o vento
parece que chamam numa voz de abandono, por ninguém.
Imploram por quem?
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Enquanto isso, a chuva cai.
Escorre pela rua, sem rumo
tomando a direção do rio,
qualquer caminho leva para lá
as gotas da chuva batem na vidraça,
que chora. por ninguém
a torre da igreja está toda molhada
agora o céu é azul, azul-petróleo.
a cruz está molhada. E o sino nem badala.
Por quem haveria de dobrar o sino?
O céu esconde a última nesga azul que existe,
eu penso nela e fixo o olhar
sob um manto cinzento e móvel
que cobre toda a Várzea.
Chove. A vida parece triste, mas não é.
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Ah, mas se fosse a vida triste, o que sobraria?
Ainda assim que importaria!
que uive o vento, que bata a porta
e tombe a chuva!
que escorra a saudade
e se derrame por entre os meus dedos e poros
Que importaria!
ainda tenho nos olhos tanta cor e luz
uma beleza que nada turva,
um céu azul, um clarão
tenho na alma um jardim varzeano
e duas palmeiras
balançando em pleno anil
por brisas calmas e amenas
eu, pleno, ainda penso nela! apesar da chuva.
Chove... pois a vida é bela!
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VNT Online, posrado em 21/02/2009
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