SAUDADE: TIRANDO O COURO DA GENTE!

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SAUDADE: TIRANDO O COURO DA GENTE!

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Autor: Ludugero, 06/02/2009.

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Vai, poeta pega a choupa do 'seu Beja'

vai até o matadouro, não se abata

amola a tua faca, desafia teus medos

de uma só cutelada desata os nós

da sangria, derrrama a saudade

do meu peito no açude do Calango,

sangradouro de memórias.

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O boi me ofusca com os seus olhos de vidro

o olhar do boi já é aceso e pétreo

vai, tira o couro da poesia

não temas a carne trêmula,

ela se inerva nos meus versos!

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Vai, poeta, com tuas lâminas aguçadas

tuas facas amoladas já me cortam a dor,

e quem irá me acolher dela?

mas quem irá me socorrer

da vida, touro valente?

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Ah poeta, destrincha a carne,

separa as vísceras e o fel

as lembranças já me encharcam os olhos,

as lágrimas que insistem em cair...

estica-me o couro no curtume,

nele passa o sal,

seca a carne, estende-a ao sol,

sei lá aonde, pouco importa

seja nos postes,

desde que em algum lugar da minha Várzea,

até mesmo na rua da matança.

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Vida, como não ser insosso o teu ritmo, me diga

se estou leguas e léguas longe dela,

se é dessa carne seca

que é feito o teu estilo?

Ah poeta, apesar de tuas lâminas afiadas

sofres de cálculo renal, pedras no rim

mas o que ora te incomoda mesmo

não é o teu coração doido de pedra?

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Tenho um coração partido, avariado

quase um campo minado

assim apedrejado

em plena rua da pedra

cachorro doido, cão danado!

Então, tome logo um chá de quebra-pedra

oh poeta, já que és doido

de atirar pedra

na lua!

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VNT Online, postado em 26/02/2009