VÁRZEA: A TERRA PROMETIDA!
Autor: Ludugero, 02/02/2009.
Durante anos atravessei o cerrado,
o deserto, eu que vim atrás de um cometa.
Eu saí da minha Várzea
num dia de chuva
eu trouxe comigo
a esperança bem verde
trouxe limões de lá
do arisco de seu Virgílio
somente longe de ti,
minha Várzea
é que desvendei um dia
a cor da saudade
nos sonhos que tinha com o fantasma
da vida aqui de fora.
Conheci itinerários diversos
e outras palmeiras adulteradas
muito diferentes da minhas duplas
palmeiras de São Pedro.
Essas outras são muitas escondidas
entre fios de prumo e concreto armado
e miragens entre secas flores do cerrado
até que um dia fiquei paralisado,
inquieto a olhar para a via láctea, à toa
a te encontrar numa estrela reticente
na tentativa de matar um pouco a saudade do peito
na minha humidade e no pasmar do rosto
eu caí em mim e descobri
não haver qualquer forma similar a ti,
a não ser o ínfimo traço que o véu desenhou
de um lado ao outro do horizonte, só isso
tua beleza é mais interior,
Terra prometida
teu açude do Calango te faz sem igual
teu banho nas águas do rio Joca
é sem comparativo,
sem paradigmas.
Foi aí então que vi
o fruto a desprender-se
e a cair feito jenipapo
a se espatifar no chão,
meu coração aos pedaços
enquanto ciciava teu nome,
minha Várzea,
meu amor da travessia,
minha terra prometida!
VNT Online, postado em 10/02/2009
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