BANZO

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BANZO

Autor: Ludugero, 17/02/2009.

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Eu queria te fazer um poema diferente

preferia te falar de coisas simples,

de pessoas bem simples,

modestamente

queria assim encurtar

essas léguas e léguas

que me consomem os dias,

que me deixam banzo

a soçobrar à distância.

Eu não queria olhar triste

para a praça de São Pedro

ver os velhos e os jovens

a jogar conversa fora, sem pressa

ver a mais linda torre do apóstolo

iluminada com seus sinos a soar

ver suas palmeiras a me acenar ao longe as horas

ver aquele magote de meninos brincando

andorinhas e pardais ciscando

e eu fora desta moldura.

Eu não queria anoitecer sem sentir

o aroma do café moído

do cuscuz de milho zarolho prensado ali mesmo

no moinho da minha casa de Seu Odilon.

São tantos cheiros, ruídos e lembranças...

e eu aqui em Brasília,

no meio do concreto armado

sem saber do teu perfume e das tuas luzes

somente comigo a solidão a me preencher

o quarto, o peito e o olhar longínquo.

Melhor seria nunca ter partido de ti, de lá

nunca ter tirado os pés dos riachos daquele chão,

nunca ter tirado os pés das águas do Calango,

devia mesmo era ter me entocado em tuas ruas e becos,

pelas quatro bocas a dentro...

pois para herdar este poema

espatifei todo o coração

que caiu do alto da saudade

feito jenipapo e se esborrachou

no meio de toda sua ausência,

minha Várzea!

Eu nunca te quis tão longe,

não nessa tamanha distância que a noite faz maior,

pois eu não te queria só pra esta noite

quem sabe para amanhã

e depois de amanhã e depois...

quem sabe quando é o sempre...?

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