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TARRAFAS
Autor: Ludugero, em 18/02/2009.
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Com a fieira ligada ao pulso esquerdo
fiz duchas com a mesma mão
prendi as chumbadas guarnecidas aos dentes
com todo capricho e força
passei a mão direita por debaixo das demais
conservei metade delas sobre o antebraço
colhida a tarrafa, a rede, o nylon
dei um balanço no corpo para a esquerda
descrevi com o braço direito um rápido arco
de círculo horizontal no azul
o que chamam de panear,
lancei-me no espaço para a direita,
de corpo e alma
arremessei-me no espaço aberto, lentamente
abracei o rio, recolhi-me na rede
agarrei o mundo que coube inteirinho
nos meus braços. fiquei feito peixe fora d'água
na malha do tempo que se abriu bem
dentro das águas da saudade,
crescente malha.
eu tento tarrafear com alguma prática,
atento pra não ficar embaraçado,
pois apreender o ofício e não te esquecer
demanda muita prática e jogo de cintura
o rio Joca sabe disso,
o coração não cabe.
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VNT Online, postado em 03/04/2009
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