ESTAÇÃO DAS CHUVAS...

ESTAÇÃO DAS CHUVAS...
Autor: Ludugero, 12/05/2009.
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E o vento era frio a bafejar o dia
e o dia escorre junto com a chuva
que persiste a molhar as paredes
os telhados, as vigas de madeira
que vão da cumeeira aos frechais
a escorrer pelos jiraus,
pelas forquilhas
pelas cercas vivas, pelos varais.
E o vento a esvoaçar
pelo verde coqueiral
e a chuva a molhar
todas as janelas e portas
deixando o dia cor de cinza em desbotado
e a água a descer veloz
pelo oitão da igreja
e o apóstolo São Pedro a
a liberar as águas, abrindo ainda mais
as comportas do céu...
benditas águas
que lavam a alma da gente!
É dia de chuva...
as ruas ficam limpas e bem cuidadas
as fachadas das casas caiadas,
umedecidas no inverno,
ganham um tom divino
de pinceladas aleatórias,
que mais fazem lembrar
uma paisagem bucólica,
tal qual um quadro antigo
fora da parede do tempo,
numa composição fantástica
que flerta alegria com liberdade,
onde a amizade corre solta
feito o sangradouro do Calango,
numa torrente de euforia,
que impetuosa chama
o varzeano a admirar
a alegoria harmônica da enchente,
da cheia do rio Joca
que transborda a alma da gente,
que extravasa a nossa curiosidade.
Alma repleta de toda esperança nova
que a chuva nos trouxe de presente!
É patente o riso solto
do magote de meninos
afoitos com a vida que escorre,
que se alastrava pelos paralelepípedos
numa enxurrada de ânimos
a contagiar a sangria
do tempo de chuvas
esperando o futuro
que vai chegar
amanhã mesmo
no verde do roçado
no germinar da semente.
Cedo pode ser noite,
cedo pode ser dia
cedo começa a brilhar
a luz da dita simplicidade
da minha gente que se contenta
com as chuvas que irrigam
o solo da minha Várzea!
Chove chuva, bendita
escorre e lava a minha alma!
Obrigado, São Pedro!
Estou em êxito,
Estou em êxtase.
Estou feliz e basta!