VÁRZEA: FEITO UM CORAÇÃO DE MÃE!

VÁRZEA: FEITO UM CORAÇÃO DE MÃE!
Autor: Ludugero, 6/04/2009.
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De súbito,
observo outro tom no verde musgo
que vem lá do paredão do açude.
O Calango me furta a cor, lusco-fusco
o vento sopra um vapor quase morno
uma brisa gostosa assovia nas águas,
a me fazer engendrar poemas,
a calanguear os cinzas que se confundem:
ora é céu ora é pôr-de-sol
tal qual um altar no céu varzeano
horas e horas nesse eterno vai-e-vem
de ruídos e lembranças
domingo de janelas abertas para o crepúsculo
caras contentes, cheiro de roupa limpa no varal
Os sonhos tinham goiabada e água fresca de jarra.
Daqui os cinzas se tornam memórias que não dormem
um só clarão, uma tarde quente feito coração de mãe.
De noite com lua (até dá para ver a rua toda feliz),
domingo de janelas abertas para a travessia da simplicidade
luzes acesas pela rua do Cruzeiro,
muito calor na praça do encontro,
é gente que sobe é gente que desce
é gente que atravessa a Brasiliano Coelho.
É o esperado cheiro de sopa de dona Maria de Seu Odilon
que toma as ruas da cidade.
É o cheiro de pão quentinho, recém saído do forno
que apetiça o paladar da minha gente,
vindo lá da padaria
de Seu Plácido Nenê Tomaz de Lima!
Daqui os cinzas se tornam mais verdes
da cor da esperança,
esperança de te ver mais de perto,
minha Várzea, meu amor maior,
minha terra da esperança,
minha terra prometida
que está sempre de janelas abertas
pra me receber todos os dias
feito um coração de mãe!