VÁRZEA: UM POEMA NATIVO

VÁRZEA: UM POEMA NATIVO
Autor: Ludugero, 17/03/2009.
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Já me florescem sentimentos
em meio a flores de maracujá.
Ainda nem é verão, mas já voo na beira do rio Joca
e rumo ao Vapor a sentir o cheiro de terra e do mato verde
com planos esquecidos e adiados,
arregaço as mangas, faço meu roçado,
já me sinto o homem mais rico do mundo
porque sinto no meu peito o que
poucos se atrevem a querer:
acorrentar meu coração a ti,
ser teu escravo
menina morena,
menina nativa
menina da minha Várzea.
Hoje vou saltar, mas não deste beiral,
vou me jogar é nos teus abraços
hoje vou correr, mas sentindo as pernas mexer,
hoje vou gritar em uníssono contigo, menina,
pra todo mundo ouvir o que significas para mim,
flor da minha seara abençoada.
Na tua terra me vou envolver, me molhar
ser vapor vital e brisa na tarde do rio Joca,
nele vou lavar a crosta do que me feriu,
saindo do casulo e indo até ao fim,
vou mergulhar no açude da Marisa S/A,
de corpo e alma, nesse paraíso!
Hoje vou te beijar sem pensar
se ainda é cedo ou tarde
Hoje vou te conhecer sem medidas, sem amargor
sem ser as regras da vida, sem cotas
Hoje vou te cheirar, tocar teu âmago
e provar o teu doce deleite,
além da rua das pedras,
vou te degustar meu vinho antigo.
Quero-me mesmo assim cru,
feito um caju recém colhido
a pôr nóduas, a manchar todo teu vestido branco,
lambuzar-te de sumos e néctar
e aprender a gostar de teu jeito inocente
de dividir o mais tenro sorriso.
Aceitar teu gritos selvagens e acreditar na paz
que provém desse lugar todo cheio de beleza e encantamento
sentir que a minha vida só tem sentido
por causa da magia dessa menina morena
nativa do meu cantinho agreste,
da minha Várzea das Acácias!