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VÁRZEA: MEU AMOR EM LETRAS GARRAFAIS

VÁRZEA: MEU AMOR EM LETRAS GARRAFAIS
Autor: João Maria Ludugero, 26/05/2009.
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Repetidamente, eu trago à tona o Calango,
Falo de tuas plantas verdes, de tuas águas,
do teu paredão e do mais bonito pôr de sol.
Alongo os braços sobre teus espelhos d'água,
Vou atirando seixos na superfície, nas represas.
Desse modo, vislumbro círculos, caracóis
Em espirais desenhados na lâmina do açude.
Gosto de ficar assim sem fazer nada,
A matutar pelas águas paradas.
Eu trago o agudo desejo
De subir o coqueiral lá do rio
A observar a lógica da cidade
Que cresce aos quatro cantos.
E pensar que antes eram apenas
quatro bocas e uma estrada de chão.
Observo a vida que sobe e que desce
O asfalto que nos encaminha
Que margeia as águas barradas
Dando acesso ao interior do lugar,
Atravessando a Brasiliano Coelho, eu vou ao centro.
Assim alongo o corpo, ralaxo a mente,
arredo o estresse do dia-a-dia.
Logo o espírito ruma imperceptível
Pelas avencas e musgos que brotam nas saídas
Dos bueiros da vargem
e ao longo do paredão do açude.
E o sol chega para trazer toda luz
À manhã vazeana e um vapor de saudades
Que aflora na margem do rio, depois da enchente.
No lodo que fica, após a cheia do rio. o húmus, o adubo.
Aqui falo do rio Joca
Somente para dizer que ele é o responsável
Pelo germinar da semente, pelo renascer da vida
Da terra, do pasto do gado, do verde capim
Pela fertilização da roça, do roçado,
Antes de fazer-se mar.
Antes que venha a seca,
Antes que o rio vire efêmero vapor
E faça uma chuva de lembranças
Bater reticente no telhado da memória,
Avivo-me em saudades que embaçam
As vidraças da minha casa
E encharcam os olhos da alma,
E aí eu choro, de verdade,
Eu me debulho em lágrimas.
E assim me chega de repente, com firmeza,
Algo como o remanso de uma cantiga da terra,
Algo que me faz contente, que me faz sentir vivo,
Que açoita o coração da gente e assossega o peito,
Deixando no ar o cheiro de mato verde, de terra molhada,
De uma Várzea repleta de esperanças à flor da pele.
Eu não me canso num canto, eu não entrego os pontos
Irrequieto eu me atrevo, me adianto, me intrometo
Eu mergulho profundo, eu me atiro, eu me assanho
E até ensaio um voo rasante feito um sebite na ramada
A Alimentar-se de frutas e néctar de flores,
A freqüentar retiros, arbustos e pomares bem no interior,
Bem nos braços da minha pequena
Cidade da felicidade, meu amado torrão,
Meu vale fértil, minhas raízes.
No meu mato com cachorro, no meu Varzeão...
Somente ali é que me encontro, é que me acho pleno
Eu-caçador-de-mim, desarmado,
dono da mais bela terra chã,
Aonde eu posso cultivar minhas lembranças,
minha história viva, minha cultura
e o meu Amor à primeira vista:
MINHA VÁRZEA DAS ACÁCIAS!
Eu não me canso nunca de dizer
com todas as letras garrafais:
EU TE AMO!
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Beto Bello

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