INTROSPECTIVO

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INTROSPECTIVO
Autor: Ludugero, 15/06/2009.
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Eu tive um amor
que me fazia cafuné
que me roçava a nuca
que nunca me deixava triste
com o cair da tarde,
nem quando o sol adormecia
no coqueiral do rio Joca,
mesmo depois da seca,
mesmo depois da cheia,
exausto e sedento!
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Agora moro em Brasília,
Capital da nossa pátria querida,
E quando observo a lua,
Toda vez, me deparo e não hesito,
Cheio de saudades da minha Várzea,
Fico matutando comigo mesmo:
Será que ela está vendo este foco,
Essa lua branca a pintar no azul
Esse luminoso quadro de prata
Essa bola, esse gol no céu?
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É aí que me chega esse hiato.
As palavras se ausentam,
Deixando-me um silêncio
Palpável e incômodo,
imediato!
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Mas quase ninguém me explica
O que isso significa, em verbos,
Essa negação de presença.
Nem mesmo o desconcerto
De rever um grande amor
Ou de lembrar de outrora,
O que ficou amordaçado,
O nó da garganta, o entalo!
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Simplesmente
os vocábulos resolvem
se esquecer
se esquecer
se esquecer.
Simplesmente!
E só nos resta o peso.
E só nos resta o quê?
O salivar nervoso e preso.
A língua solta pelos lábios
Sérios,
Secos,
Insossos,
Cegos,
De sobra!