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MAS QUEM NÃO TEM O SEU CAPETINHA DA GARRAFA?
Autor: Ludugero, 26/06/2009..
Os cães ladram e a caravana passa.
Eles ladram na madrugada da lenda
Enquanto a 'Mulher que Chora' anuncia o dia.
Há homens a arrumar as bancas
da feira de domingo, acocorados, vigilantes,
A espreitar a passagem do 'Carro Encantado'
Que nunca chega, vindo lá das bandas do Vapor!
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Os cães uivavam na rua das pedras, alta-noite!
Enquanto 'Seu Antonio Ventinha' matava os porcos.
Acordado no passado de todos os instantes
O tempo passava assobiando nas quatro bocas,
Enquanto isso, 'Pau-Pedra' limava suas enxadas
Para limpar o roçado, a roça de mandioca,
E 'Paulírio' tirava o leite das vacas no Riacho do Mel,
Ao passo em que 'Picica de Cícero Paulino' salgava
As mantas de carne-de-sol na esteira de palha
Oriundas lá do Matadouro Municipal.
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A zeloza Dona Zidora temperava seus bolos,
Untando as palhas de bananeira na fornalha!
Alguns reclamam da sorte, da sina,
Filhos da minha Várzea das Acácias
Filhos nativos das coisas das leis naturais do agreste
E até da literatura, feito eu, escritor e poeta varzeano.
Sei que é preciso cuidado ao dobrar da esquina da vida.
A vida tem becos e muitos não têm saída!
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Mas não tenhamos medo das agruras da lida.
Eu mesmo tenho o corpo fechado,
Não tenho medo de encruzilhada.
Se a coisa tá feia, se tem perigo na moita,
Tenho os meus credos, tenho a minha fé santa!
Não tenho medo nem mesmo do capeta,
pois tenho um destes numa garrafa guardado!
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Eu não tenho medo de escuro, desconjuro!
E o tal capeta da garrafa que escondo,
Não é arrogante nem malcriado.
Está bem manso, largado num canto.
Até dança forró ao ouvir toque de sanfona;
Samba e canta, até de madrugada.
E ai daquele que mexer comigo!
Não tem perdão, não tem desculpa,
Ele sai do seu invólucro e dá rasteiras!
Mas já não o faz como antes fazia,
Estou a pensar rifá-lo, quem sabe, de fato,
Na feira de domingo como velharia.
Alguém quer comprá-lo?
Poeta Varzeano Ludugero, saiba com todas as letras que você é um grande escritor. Sou fascinada pelos seus textos,sua poesia me deixa em êxtase! Queria ter vc como meu diabinho da garrafa,todos os dias! Érica Mello.
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