PACATO VARZEANO

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PACATO VARZEANO
Autor: Ludugero, 29/06/2009.
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Assim como eu tenho as palavras,
Eu também tenho a voz
É a vez da voz que fala mediante palavras
Que seguem ecoando no tempo, de passagem,
Que não se pode deter, entre os dedos.
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Que o grito não seque na garganta
Que emita vozes e canto às quatro bocas,
Que não se acendam velas somente no Cruzeiro
Que se enterrem os nossos medos e receios.
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O tempo pode até cair de maduro
Feito manga derrubada pelo vento,
Por todos os lados da fruta vem o bicho a devorá-la,
A praga fazendo ruir a primavera dos nossos sonhos.
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Que se desfaçam os noivados arranjados,
Se mande embora a banda e os convidados
E os políticos maltrapilhos dos lucros.
Que se faça gente os esquecidos, abandonados.
Até entendo que haja uma rosa a murchar sem água,
Um arisco inteiro num vaso a florir,
Um doce maracujá a açoitar o azedo,
E que o presente seja mesmo dádiva
ou quase nada do acaso...até compreendo!
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Que haja um Cícero Cego a equilibrar sua sanfona,
Um mata-burros de espreita na estrada de chão,
Um café amargo servido frio, há quem goste!
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Mas que que cuidemos mais das nossas crianças,
Para que no amanhã saibam tecer os afetos.
Ensinemos o pescador a pescar,
Não dando-lhe o peixe, mas o anzol, a tarrafa.
Assim, ensinamos o passo e saberemos a dança!
E os nossos sonhos passarão a ter teto!
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E assim, passam-se os dias a fio, no desafio da vida.
E é por aí, quando parece que nos sobrou só a dor,
Quando só nos restava a resignação, o conformismo,
Que aprendemos a usar nossa voz, de vez, graças a Deus!
Que descobrimos a força que temos, de fato.
E que este poema jogou a nosso favor,
E não nos cortou a imaginação, nem o ar,
E que haja, pelo menos um cidadão
Como eu ou assim como tu,
Pacato cidadão varzeano,
Que se levante e erga bem alto a sua voz,
E de suas letras faça a revolta de todos nós!