MEU ARENGUEIRO CORAÇÃO VARZEANO

.

MEU ARENGUEIRO CORAÇÃO VARZEANO
Autor: Ludugero, 06/08/2009.
.
Eis o Vapor de seu Zuquinha...
Eis a casa de farinha, o gado no curral, o cheiro de mato verde,
Os sonhos mergulhados no rio salgado, a cruz esquecida no rio,
A descida para o rio, o coqueiral onde se descansou a página do outono,
Folha caída das lembranças que o tempo não apagou...
.
Agora, ida a raiz, voga a asa lívida da borboleta amarela do acaso
Que me assanha a sanha e o caos, a inquietude que traz os riachos
Da saudade que dilatam a malha-breu de receios na margem do rio Joca,
Meu rio de água salobra, rio de um tempo bom, nada de medos ou devaneios...
Justiça seja feita, este rio fertiliza a roça, o roçado de milho, faz o Vapor existir...
E não resta istmo intacto dentro deste oco peito,
Só há um ponte interior de saudade-saudade
Que me atravessa a alma, o espírito, o corpo...
Pois meu coração é feito um menino-travesso que descasca cana-caiana,
Numa arenga áspera, num atirar de pedras, de seixos de memórias na rua das pedras.
Meu coração se desdobra aos olhos da agonia, do querer perto e estar longe,
Numa dor sem hora, ao lembrar da menina morena varzeana, cristalina gota d'água pura,
Que chega toda tarde, no crepúsculo numa santa fé de ler o acaso - ariscos versos amenos
De dados, de cartas enviadas em garrafas atiradas ao rio Joca...Vapores, lágrimas!
E toda recordação a dilatar a liturgia do relógio - a dissolver seus ponteiros.
E eu sigo o caminho do Vapor a plantar sonhos acordados, avanço confiante,
Num mundo que se banha sem pressa, tudo a seu tempo, discreto,
Que se lava aos olhos que explodem em Vapor e encanto de sabiás!
Eu, bem-te-vejo, minha Várzea, e bem-te-esperarei por todos os dias... Confesso!
Minha querida Cidade da Felicidade, minha doce menina morena de endoidecer,
Meu bem-te-vi, meu trevo da sorte de quatro folhas, razão da minha poesia,
Minha Várzea das Acácias, meu bem-querer!