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TOADA VARZEANA: UM LUGAR A QUE CHAMO DE AMOR!




TOADA VARZEANA: UM LUGAR A QUE CHAMO DE AMOR!
Autor: João Ludugero, 14/09/2009.
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Quando é de manhãzinha
O vento assobia pelo vazio da rua José Lúcio Ribeiro,
Segue a grande rua, toma espaço a dentro
E desce lá fora rumo às quatro bocas.
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O vento vai dar no rio Joca, afoito e sereno,
Fazendo curvas sinuosas na sua areia fina,
Não tenho pressa de ver o tempo passar, astuto,
Gosto de contemplar a mansidão da areia
Que cai na ampulheta do tempo...lentamente.
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Atravesso o leito de água salobra, margem a margem,
E tomo o caminho do arisco dos Marreiros, a contento,
Pelas trilhas agrestes observo as rolinhas da invernada
Que vêm comer no paiol de xerém do Sítio dos Bentos.
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Eu fico tão contente, satisfeito com a beleza!
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É natural meu lugar cercado de verde,
Cercas vivas delineam as estradas de chão;
A minha tristeza vira pó, nos atalhos sem cancelas,
A poeira é sacudida pelo vento, a serenar os caminhos
Que levam ao Vapor de Seu Zuquinha.
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E mais um dia chega cheio de sol, a pino, radiante e amarelo,
Enquanto canários de chão molham o bico no rio de Nozinho,
Eu subo no coqueiro sem peias, usando a força do braço,
Acrobaticamente, sem medo das alturas, sem traumas,
Trepo sem medo e vou beber água de coco lá no alto.
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E dali, vislumbro cavalos a pastar no capinzal
Rente à encosta do roçado, da roça de mandioca e de milho,
Vejo o vaqueiro a lidar com o gado, com os bois e as vacas pintadas
No verde vale fértil da minha Várzea de Pasqualino Gomes Teixeira.
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Todo dia é assim, simples e rústico, bonito de se ver,
A vida corre pelas trilhas verdejantes, a gente anda,
Eu contemplo as flores do mulungu, a gente voa,
E até sente a delícia do fruto do jatobá, dos cajás e dos umbus
Que de mim não têm dó, apesar dos cheiros e sabores,
Acho até que vou morrer galopando na saudade,
Procurando meu xodó, minha Cidade da Felicidade,
Minha Várzea das Acácias,
Meu amado solo de Ângelo Bezerra.
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Deitado na minha rede de sisal no alpendre, no Maracujá,
Meu coração dá um nó, minha lágrima se debulha, de paixão,
Viro peixe atordoado em água rasa, prestes a entrar no landuá,
Como que a fugir da água barrenta, bem ali no rio da Cruz.
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Só de ruminar assim, eu fico tão alegre, contente
Dou rasteira na tristeza que breve vira pó...
E se esvai com o vento muito além das palmeiras
Do apóstolo São Pedro, subindo, subindo, indo além,
Eu viajo acordado, agarrado ao cipó da minha fé, do meu credo
Que me leva pra lá e pra cá, pelas sendas do meu lugar
Sem fazer quiproquó, sem arredar o pé do sonho
De ali fazer minha eterna morada,
Quiçá até o fim dos meus dias!
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E todo dia é assim, cheio de simplicidade,
E a vida de mim tem dó, pois me leva para lá sempre que peço,
Pras bandas do Itapacurá, onde vou chupar caju, bem que mereço,
Um balaio repleto de mangas coquinhos, rosas e espadas.
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Beto Bello

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