autor: João Ludugero
Lembro-me da minha avó Dalila,
tão terna, tão maternal
tão pequena, tão gigante
com seu terço azul nas mãos
com seus credos e novenas
tinha a força de Sansão
No alpendre lá da Várzea
da sua casa caiada
da sua casa caiada
casa simples, casa farta
paredes de pau-a-pique, taipa
mais parecia uma rainha
a tecer
a tecer
sobre a almofada,
nos bilros,
suas rendas,
suas prendas
nos bilros,
suas rendas,
suas prendas
em curtidas mãos de fada
que exercitavam sem pressa
a mais líquida paciência
a mais líquida paciência
Eu ficava a espiar
admirando o ofício
e até hoje escuto os bilros
que têm sons de infância
tecendo a renda
do tempo
tecendo a renda
do tempo
lavrando minha poesia
com versos estou envolvido,
lembrando de outras quimeras
das cores da primavera
da minha avó rendeira
que me ensinou
desde cedo
desde cedo
a andar com fé na vida
tranquilo sigo adiante,
boto o pé no batente
no alegre bater dos bilros,
e apesar dos pesares,
e apesar dos pesares,
da vida não tenho medo
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