autor: João Ludugero
Várzea
não a Várzea
da mulher que chora infeliz
com uma troucha de roupa na cabeça
e com outra mão a puxar uma criança faminta,
não a Várzea
da politicalha
mente dividida
da politicalha
mente dividida
de um lado corujões
da outra banda, bacuraus
Várzea de São Pedro,
sim a Várzea unida
das quermesses
das fogueiras
das novenas
dos folguedos
das quadrilhas de Seu Bita
do anarriê junino
da animada dona Conceição Dama
da animada dona Conceição Dama
da feirinha-livre aos domingos
das cordas de caranguejo de seu Antonio Lunga
e até mesmo do torresmo
da casa de Seu Antonio Ventinha
das cordas de caranguejo de seu Antonio Lunga
e até mesmo do torresmo
da casa de Seu Antonio Ventinha
Várzea que aprendi a amar desde cedo
Várzea do milho e da pipoca
Várzea de Dona Marica Fernandes
Várzea da minha infância
da calçada de dona Maroca
da hospitalidade de Ana do Rego
da mercearia de Seu Olival
que dispunha de alegria às quatro bocas
da calçada de dona Maroca
da hospitalidade de Ana do Rego
da mercearia de Seu Olival
que dispunha de alegria às quatro bocas
da sinuca do Salão São Luís
de Seu Lula Florêncio, pai do Silva
do Seu Otávio Gomes, pai do Maninho
da rua grande do mercadinho
onde a gente brincava de tudo
da rua onde morava Seu Walfredo
onde a gente ganhava torrões de açúcar
pra fazer caramelo e puxa-puxa
pra fazer caramelo e puxa-puxa
saudade da rua
onde plantadas as duas majestosas palmeiras
saudades da minha gente de outrora
do Seu Minô de dona Marina
que proseava ali na esquina
do Seu Minô de dona Marina
que proseava ali na esquina
sentado numa cadeira de balanço
a espreguiçar a rotina
numa pele de carneiro tingida de laranja
numa pele de carneiro tingida de laranja
depois do jantar
as famílias tomavam a calçada com cadeiras
as famílias tomavam a calçada com cadeiras
conversas jogadas fora, fiados mexericos
namoros no oitão da igreja, amassos e risadas
um magote de meninos e meninas brincava no meio da rua
um magote de gente de bem com a vida,
gente que não carecia de razão alguma pra ser feliz
porque a felicidade
estava o tempo todo ali, de sobra
estava o tempo todo ali, de sobra
autêntica, mesmo que fosse de vidro
o anel que a vida nos desse, sem dúvida
porque brilhante era o sorriso franco
que ladrilhava nossa rua de quimeras
e a gente adormecia no colo de Mãe Dalila,
a sonhar com o amanhã, acordar
a pegar com a mão o sol de um novo dia
essa é a Várzea que a gente leva
pra sempre guardada no coração,
relicário do amor que fica.
essa é a Várzea que a gente leva
pra sempre guardada no coração,
relicário do amor que fica.
Olá, Poeta Varzeano, passando no VNT para conferir, acabei de ler sua linda poesia. Realmente uma pérola, um show que precisa ser reprisado, pois cada varzeano deveria ler seus textos, de tanto valor para o povo varzeano. Pena que poucos não tenham acesso a tão belo poema de AMOR já escrito pra Várzea; Adorei, muito mesmo.Você é um grande poeta, merecedor de todo elogio. Sua poesia vai longe e mata a saudade de muita gente.
ResponderExcluirRepito, você foi feliz com este poema, ficou perfeito, diz tudo do taamanho do seu Amor, grandioso no significado.
Sua poesia é uma coisa maravilhosa, vc não cansa a gente. Obrigado por vc existir.Poesia é algo muito gratificante. Queria ter esse dom. Poesia: Quem não precisa dela?
Um abraço na alma...
Cláudia