A VÁRZEA, O HÚMUS
E A POEIRA DO TEMPO
Autor: João Maria Ludugero
Num sopro, o vento levanta o pó
No quadro negro, palavras a giz
O apagador anula o escrito,
Que vira pó na barra do tempo
Aspiramos o pó, a poeira seca
Que entra pelas narinas
Antes mesmo do ruido do pano
Calar o perfume das horas,
Teus olhos espirram
Encarnados desenhos
Que se escondem nas sombras
Do silêncio que percorre o velho Vapor
Molhamos os pés no rio Joca,
Não nos afundamos no vale
Onde ecoa o amor,
Nos campos da nossa Várzea em flor.
De tal sorte, permaneço assim maravilhado.
E, com toda força, juro e confirmo:
Antes das cinzas, antes do vazio,
Antes do corpo virar pó,
Ainda pinto este quadro, e o amarro
Sem dó nem piedade, na meada da poesia
Com lágrimas que possam retratar, aconchegantes,
Uma alegria plena, de riso assim agreste,
Mas verde e duradouro, humano,
Só pra não passar em brancas nuvens
A folha da vida que veio do barro
E que voltará a ele em forma
De húmus e pó...
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