SÉRIE: VÁRZEA, 51 ANOS DE BOAS IDEIAS PRA VENDER NA FEIRA DE DOMINGO (II)

SÉRIE: VÁRZEA, 51 ANOS DE BOAS IDEIAS
PRA VENDER NA FEIRA DE DOMINGO (II)
Autor: João Maria Ludugero

Não esqueço de lembrar
Que a nossa feirinha de domingo
Tinha lá seus balaios e caçuás,
Uma espécie de cestos grandes e oblongos,
Mais compridos do que largos, ovais, alongados e longos,
Feitos de vime, cipós ou de lascas de bambu, com aselhas,
Para pendurar às cangalhas e que é utilizado
No transporte de gêneros alimentícios,
Para levar galinhas e outras aves ao mercado,
Além de garajaus para transportar peixe seco e rapaduras.

Tinha fumo de rolo, tabaco em pó, rapé e espirros. Atchim!!!
E tantas outras bugigangas, anis-estrelado, cravo, canela e alecrim etc.
Afinal era dia de feira, e dia de domingo pede cachimbo...
Céu azul de anil, com cheiro de coisas simples, céu varzeano.
Uma cidade, uma saudade que bate na gente... e dói no peito
e não se acaba o mundo da gente, touro valente!

Dia de domingo, dia de feira, tempo de 'Terezinha do Couro',
De sandálias Havaianas, cuscuz, tapiocas e pé no chão.
Retratos de um tempo, que perdura até os dias de hoje.
Tempo de lambe-lambes, réstias de cebolas e alhos.
Ah, antes que eu me esqueça, o mercadinho de outrora
Ficou lá, lá no passado mesmo, demolido.
Por quê? Alguém alega que tornava feio o centro da cidade!

Mas a saudade está de pé,  faz-se presente
E continua a inquietar o peito da gente
Sem ter hora para acabar:
Saudade repleta de coisas boas,
Saudade que até dá gosto de recordar.
Portanto, venha para a feirinha de Várzea
Aos domingos e confira de perto a alegria
Que só se acha nesse lugar abençoado,
Na nossa modesta Cidade da Cultura potiguar!