Que vou lhes falar...
Um lugar onde eu passava
Minhas férias de menino
Eu ia para o sítio do Itapacurá,
Lá pra chácara do grande Tio João Pequeno.
Chegando lá eu me deparava com riachos,
Com bichos, pássaros e diversas aves a ciscar
Por entre jasmineiros e laranjeiras.
Era uma festa andar descalço pelas nascentes
E tomar banho de rio... Tchibum!
A gente dormia com as galinhas,
Pássaros a se aninhar e o canto dos grilos,
O galo a cantar para as estrelas,
Sem nada a grilar nossa cabeça.
Sem nada a grilar nossa cabeça.
No dia seguinte, acordava bem cedinho.
A alimentar os gansos, os marrecos
E as galinhas-de-angola.
Travesso, corria pro curral
E as galinhas-de-angola.
Travesso, corria pro curral
Pra beber o leite da vaquinha mimosa,
Tirado na hora, quentinho
Na caneca de ágata
Toda espumando a fazer o bigode da alegria.
E o cheiro de café coado no saco,
Direto na chaleira de ferro
E as broas de milho assadas
No forno-a-lenha, as batatas-doces.
O aroma se espalhava por todo canto,
E abria o apetite
E não tinha outro jeito,
Tinha que provar de tudo
Dos quitutes vindos da cozinha de dona Zefinha.
Tudo era tão simples, quanta delícia na mesa farta
De tapiocas, queijos, canjicas, pamonhas e coalhada.
Lembro-me de que dona Zefinha gostava de temperos.
Ela cultivava uma horta no quintal,
Bem cuidada, havia ali pimentões
E pimentas de cheiro, dedos-de-moça, biquinhos
malaguetas e do reino, mamoeiros carregadinhos
E pimentas de cheiro, dedos-de-moça, biquinhos
malaguetas e do reino, mamoeiros carregadinhos
Açafrão, hortelã, erva-doce,
Manjericão, alecrim e tantas manjeronas.
Eu gostava de apreciar essas coisas
De natureza viva tão singular.
Era um lugar que me dava muita paz,
Um enorme prazer de curtir minhas férias de menino.
Eu moleque varzeano, criado solto,
A andar de jumento, a tanger as cabras,
Aprendi, ainda naquele tempo, de verdade,
O quanto pode nos fazer rico
E feliz essa vida simples.
Acabavam as férias. Ia embora mais leve.
Carregado de saudades.
Carregado de saudades.
Era um barato curtir o Itapacurá,
E voltar pra casa com a alma lavada,
Aliviado com as energias revigoradas,
Maravilhado com as coisas rústicas,
Simples e modestas do Sítio de Tio João Pequeno.
Tenho acompanhado toda essa produção literária de Joao Maria Ludugero e fico maravilhado com o amor com o qual ele canta a sua terra. Todo esse potencial artistico e cultural precisa fazer parte de um registro e ser assegurado de que todos os varzeanos tomarão conhecimento, principalmente a população jovem estudante. Parabéns a esse artista que pretendo conhecer, parabens ao VNT que possibilita a veiculaçao dessa beleza e parabéns aos varzeanos de um modo geral que gostam e valorizam a culturae a arte.
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