PROFILAXIA
Autor: João Maria Ludugero
Muitas vezes tua lucidez me agride,
Deixando-me louco de pedra.
Eu que sempre busco ser sensato
Até nos instantes de loucura.
Poeta louco existe, desatina
E rasga o verbo, à revelia,
Mas não sou louco todo o tempo,
Muito menos quando escrevo,
Deixo de ser menos do/ente,
Largo mão de ser escravo
Quebro as correntes do ter,
Vacino-me, fujo dos sintomas do medo,
Concentro-me no que escavo.
Raciocino, acompanho as ideias,
Surtando vez por outra, e só, imune
A defender o que sinto,
Dedico-me a escrevinhar
A tecer no papel, encaro
Palavras que curam, de certo,
Acho logo um meio de remediar,
Tratar o espírito, alongar o corpo,
Antes da nau desgovernar.
Escrever pra mim é um remédio
Fujo do tédio, da hipertensão,
Esqueço o lado sombra.
Esqueço até de cortar os pulsos,
De me atirar do prédio,
Crio asas sem cera, sinceramente,
Não penso em me matar,
Tão cedo, a poesia me redime
Com ela eu me reinvento, de pronto,
Aprendo a voar mares a fora
Arranjo um jeito de ter paz, de fato,
Se quero ser mais que rio, oceanizo-me.
Carrego o mundo mais leve nos ombros
Se me desfaço dos seus pesados fardos,
E o que me socorre, ao que recorro, a receita
Vem direto de dentro e se aflora na pele,
No papel e na ponta do lápis.
Vc é um louco pela poesia!! Muito bem nos deixe partilhar desta maravilha que é seus poemas !!! Parabéns
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