SÉRIE: VÁRZEA E AS TINTAS DO MEU INTERIOR:
QUARADOUROS
Autor: João Maria Ludugero
Eu gostava de nadar, tomar banho de rio
E aprendi cedo a olhar, a ver poesia naquele lugar
A espiar de perto, como testemunha da força
Daquelas senhoras lavadeiras
De roupas suas e dos outros, com o suor,
Nos dias ensolarados da minha pequena Várzea.
Havia muita roupa branca e coloridos vestidos
A quarar nas pedras, cipós e lajedos, além dos lençóis
Renovados de um branco total radiante.
E como era alva a areia fina
Sob os nossos pés ali no rio Joca.
Lembro-me do entusiasmo de dona Zidora Paulino
Que acompanhava minha mãe Maria Dalva,
Tanto no canto como na lavagem de roupa.
A cantiga das lavadeiras afastava o vazio,
Desentristecia a outra margem do rio
E distraía até os passantes de costume
Que se encantavam com aquela vida simples
Onde a alegria estampava brilhantes sorrisos
Nos semblantes daquelas senhoras
Que lavavam roupa com cantigas,
E num bater esmerado removiam
As sujeiras dos tecidos, sem enfado,
Afastando as manchas da lida
Num bater de roupa suja
Que logo alvejava encardidos
E outras manchas não.
Sem contar com as nódoas que ficavam
Fixando marcas, vestígios
Desses que nunca desaparecem das vestes.
Nem o tamanho das trouxas
As faziam intimidar ou lamentar da vida.
E bem que arregaçavam as mangas
E enxaguavam depois com afinco,
Como quem afastava maus fluidos.
E a sujeira se esvaía na água de sabão,
Quebrando a barra anil do dia
Na sentença das horas torcidas.
E assim a tarde caía amena
Com cheiro de roupa limpa
Que amaciava, que acalmava
Com seu toque tão cândido
Os ruídos que impregnavam
De essências de jasmins, lírios e alecrim,
Perfumando a alma da gente que passava.
E logo chegava a ventania.
O vento fazia a dança das peças
No varal, nas cercas nas estacas
De arame farpado do Vapor.
As roupas estendidas, já secas esvoaçavam
Dançavam fora do corpo dos seus donos.
Vistas de longe, mais pareciam
Coloridas bandeirinhas de São João
Ou me remetiam à uma pintura de Volpi.
QUARADOUROS
Autor: João Maria Ludugero
Eu gostava de nadar, tomar banho de rio
E aprendi cedo a olhar, a ver poesia naquele lugar
A espiar de perto, como testemunha da força
Daquelas senhoras lavadeiras
De roupas suas e dos outros, com o suor,
Nos dias ensolarados da minha pequena Várzea.
Havia muita roupa branca e coloridos vestidos
A quarar nas pedras, cipós e lajedos, além dos lençóis
Renovados de um branco total radiante.
E como era alva a areia fina
Sob os nossos pés ali no rio Joca.
Lembro-me do entusiasmo de dona Zidora Paulino
Que acompanhava minha mãe Maria Dalva,
Tanto no canto como na lavagem de roupa.
A cantiga das lavadeiras afastava o vazio,
Desentristecia a outra margem do rio
E distraía até os passantes de costume
Que se encantavam com aquela vida simples
Onde a alegria estampava brilhantes sorrisos
Nos semblantes daquelas senhoras
Que lavavam roupa com cantigas,
E num bater esmerado removiam
As sujeiras dos tecidos, sem enfado,
Afastando as manchas da lida
Num bater de roupa suja
Que logo alvejava encardidos
E outras manchas não.
Sem contar com as nódoas que ficavam
Fixando marcas, vestígios
Desses que nunca desaparecem das vestes.
Nem o tamanho das trouxas
As faziam intimidar ou lamentar da vida.
E bem que arregaçavam as mangas
E enxaguavam depois com afinco,
Como quem afastava maus fluidos.
E a sujeira se esvaía na água de sabão,
Quebrando a barra anil do dia
Na sentença das horas torcidas.
E assim a tarde caía amena
Com cheiro de roupa limpa
Que amaciava, que acalmava
Com seu toque tão cândido
Os ruídos que impregnavam
De essências de jasmins, lírios e alecrim,
Perfumando a alma da gente que passava.
E logo chegava a ventania.
O vento fazia a dança das peças
No varal, nas cercas nas estacas
De arame farpado do Vapor.
As roupas estendidas, já secas esvoaçavam
Dançavam fora do corpo dos seus donos.
Vistas de longe, mais pareciam
Coloridas bandeirinhas de São João
Ou me remetiam à uma pintura de Volpi.
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