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PINTANDO O ESCAMBAU A QUATRO POR DOIS
Autor: João Maria Ludugero
Eu quero pintar o sete,
Arranhar-me no céu,
Escorregar em gangorras
Ao fazer tobogã no arco-íris
Sair do chão
Sem tirar os pés do chão,
Sair da fila desse chão batido,
Criar asas, voar, voar
Ir além do arco da velha
Até me perder na tua boca ávida,
Ou me achar de vez ao esfolar-te
Arranhando os meus versos encarnados,
Rodopiando no orvalho a resserenar.
Quero esquecer do peso do band-aid e dos calos,
Ver como se deita o sol ao lusco-fusco
A aquecer as luas ao pernoite com seus sóis,
A dar cores à madrugada boreal.
Eu quero e preciso me atirar na dança,
Deixar-me levar emaranhado
Aos teus pêlos, segurar teus cabelos
Deixar-me enlevar pelas tuas tranças
Tecidas pelo tempo que se toca por si só,
Que não se prende a nós,
Que segue desatado em seus engenhos,
Que não se deixa pertencer a laços.
Quero arranhar um verso para ti,
Que seja assim um verso exorbitante
Vasculhado precisamente a fundo,
Por trás ou de frente, não importa o lado,
Contanto que seja estreito, intenso e marque
Que ilumine, de súbito,
O quanto necessário ao intento,
Fazendo o escambau a quatro
Por dentro da sombra
Numa réstia que
Deixe meu poema
Penetrar inteiro,
Intruso na treva,
Eira, beira e rastilho
A orbitar nosso universo,
Ou fazer-nos, desnudos, girar mais ainda,
Dentro das nossas cabeças
Feitas de Poesia, de certo
Só pra não deixar o mundo se acabar
De repente, em brancos lençóis.
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