O galo já cantou tantas vezes.
Espreguiço-me a levantar
Sob o raiar do sítio do Vapor
Que tem o terreiro coberto de pólen
Entre flores de laranjeira,
Folhas e frutas caídas de maduras ,
Pavões e aves a ciscar.
Coloco os chinelos nos pés. Rezo,
Desperto ao refazer minhas preces.
Desperto ao refazer minhas preces.
O canto dos pássaros traz o alvorecer.
Abrem-se portas e janelas,
Destrancam-se cancelas.
E eu completamente embevecido
Pelo orvalho das árvores
Que cintilam ao sol.
Que cintilam ao sol.
Não há vazios por aqui.
Cruzo as estradinhas de terra,
Sinto o cheiro do mato, adentro,
Vou em direção às onze-horas
Que colorem o jardim da casa de farinha.
Apanho umas espigas de milho-verde
E uma cesta de feijão-de-corda.
Não há vazios por aqui.
Há, sim, um cheiro de café com broas de fubá.
É fantástico sentir crescer meu poema,
Enquanto me vou preparando à lida.
Cresce, ocupa o meu lugar no sítio interior.
Desloca-me o coração de moleque,
Deita-lhe asas,
Deita-lhe asas,
Expulsa-me do ninho dos canários,
Dá-me firmeza pelo ar e chão.
Dá-me firmeza pelo ar e chão.
O poema quero-quero está pronto.
Tetéu em voo rasante, até agressivo,
Tentando defender seu espaço.
Eu pintassilgo assim, bem-te-vi a (en)cantar .
Eu sabia que ao escrevinhar memórias da Várzea
Eu acabaria rouxinol a entoar minha sina.
Mas devagar com o andar,
Que o João veio do barro,
Mas traz no interior um inquebrantável
Quanta saudade de Várzea, minha terra natal, meu amado pedaço de chão. Valeu poeta João, sua poesia mata um pouco dessa saudade! Abração.
ResponderExcluirBelo poema. Dá gosto ler o VNT.
José
Tu escreves bem, ó poeta lindo de viver!
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