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"VÓ ONÉLIA", por João Maria Ludugero



VOVÓ ONÉLIA 
(Poema que fiz para a inesquecível Vó dos Amigos 
Janilson Carvalho e Janilza Bertuleza)

E la vinha dona Onélia Rosa
com sua sombrinha a se guardar do sol,
com sua tiara a coroar a cabeça
e o cabelo arrumado, grisalho, 
trazia consigo o tempo da Várzea,
sempre renovado em esperanças.
No rosto, as marcas da experiência
de uma vida de beleza nata 
toda estampada pelos anos. 
E era tão bom ouvir seus 'boas tardes'.
Trocávamos poucas palavras, 
mas o silêncio da sua presença me bastava. 
Era algo sagrado de admirável doçura 
estar diante daquela Senhora tão modesta, tão rica. 
Lembro-me das vezes em que 
ia ao sítio visitar 'Vó' Onélia. 
De manhã eu tomava o leite quentinho, 
recém tirado da vaca, 
e comia os pães caseiros 
que só ela sabia fazer. 
Meu respeito por esta senhora era tão grande, 
que eu chegava a lhe pedir a 'bença', 
mesmo sabendo não ser seu neto, mas me sentia 
assim como se fosse da família 
de Seu Raimundo Rosa.
E era tão bom ouvir ela dizer: 
"Deus te abençoe, meu filho"!
Dona Onélia era aquela criatura tão encantadora
que faz você ter vontade de envelhecer igual.
Sem contar que ela com suas rezas fortes 
tanto benzia como desvendava objetos perdidos,
curava espinhelas caídas, ínguas e quebrantos.
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João Maria Ludugero

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