Aos borbotões, bem transados,
Eles se abrem e se fecham em dádivas,
Adornam as vestes dos noivos,
Que loucos ainda sonham com a lua arteira
Que virá banhá-los no quarto crescente
Quando desnudos abrirem suas casas
Num despir de almas prateadas nuas,
Meio rasas num ansioso porvir a fundo
A se lambuzar de amores vida a dentro.
Que botão será esse no umbigo da vida
Se não um pitoco de rosa orvalhada,
Quadrado ou redondo, cintilante bicho,
'Brabuleta' de plástico que se desprende
Do cabelo da menina airosa
Que traz pêlos nas ventas
E não se contenta lá com seus botões.
A moça os colhe enquanto pode,
Pois o velho tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando seus botões,
Que são um recado, um sinal,
Um ponto de partida, um acesso
Talvez um olho de sorte, um amuleto
Na fresta da fechadura, um artefato,
Um bico de peito, uma auréola afoita.
Que artifícios serão esses, me diga?
No escuro do tato perfeito, de certo
Qualquer coisa que apraz no toque de perto,
Quiçá um focinho de gato que jaz na espreita
Das coisas da intimidade de Deus.
Que botões serão esses?
Por isso, sem recato, use seus botões a tempo,
E enquanto pode, viva a festejá-los,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terás o tempo inteiro para repousar.
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