VÁRZEA-RN, CIDADE DA CULTURA, por João Maria Ludugero

Muitos só passam a entender 

a beleza de Várzea quando saem dali.

O cheiro do Vapor, da Várzea, 

do riachão, do mato e do capim.

O povo hospitaleiro, bondoso, 

muito religioso, nas procissões de Fé.

Nos batizados, na Semana Santa, 

festa do Padroeiro, nos corações.

Que saudade que sinto 
do vento das quatro bocas, 

a esvoaçar as folhas das palmeiras 
imperiais de São Pedro Apóstolo.

Do mercadinho no centro, da banda a tocar 
no dia 7 de setembro, 

e, nos finais de semana, o futebol 

no estádio João Aureliano de Lima, o "Limão".

E das tardes amenas sentado 
no banco da praça de encontro ao sol.

De longe, dá pra ver o padroeiro 
no topo da igreja-matriz, 

de sentinela a proteger a Várzea. 
Ou os meandros do rio Joca 

que seguem calados, cortando a Várzea.

Hoje o peito me dói quando recordo 
do velho casarão do Vapor, 

que em ruínas, maltratado foi ao chão.

E com ele foi um pouco da gente, 

da nossa cultura, da saudade, lembranças, 

apanágios da nossa Várzea.

Hoje eu digo e falo pra todos,

Que amem sua Várzea. 

Ela é ninho das aves que voam 

e voltam cansadas pro seu aconchego. 

Hoje, distante, mas tão perto da nossa Várzea, 

sinto-me honrado por fazer parte 
da sua cultura popular 

na condição de poeta varzeano. 

O que muito me orgulha, 
aproximando-me cada vez mais 

do abençoado rincão de Ângelo Bezerra 

e terra da inesquecível madrinha Joaninha Mulato. 

Várzea nunca saiu de mim. 

Meu coração é grande 
e nele cabe inteirinho este lugar, 

minha Várzea das Acácias, e todo seu povo, 

minha batalhadora gente varzeana.