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XIFÓPAGOS (MENINO DE DUAS CABEÇAS), por João Maria Ludugero

.XIFÓPAGOS (MENINO DE DUAS CABEÇAS)
Autor: João Maria Ludugero, publicado no VNT em 13/03/2009 
(republicado hoje 11/11/2012).
.
Um dia nasceu em Várzea
(Há muito mais de 25 anos)

um menino com duas cabeças.
Santo Deus, que assombro, 
que alvoroço, coisas do fim do mundo!
Eu fui testemunha ocular do fato.
Foi apenas um caso de Xifópagos (siameses).
Na época, jornal sensacionalista
divulgou notícia
de que havia nascido criança-monstro
e que 'a coisa tinha até dentes'.
O caso passado me deu inspiração
para eu fazer este poema:
.Somos um menino de duas cabeças
inseparáveis, unidas pelo mesmo corpo
grudadas uma na outra, feito 'Nova e Dez'
ligadas por idéias afins, ideais altaneiros,
tão próximos feito o bueiro e a vargem,
feito a chave e o chaveiro do céu,
feito o coqueiral e o rio,
tão unidos assim feito
o Calango e a Várzea
refletidos um no outro, entre si,
feito o açude e eu.
Somos a criança de duas cabeças
pensantes, conectivas e indivisíveis,
como o encontro e a praça,
como o Vapor e o rio Joca
como a enxada e a roça
como o forno e a padaria,
como a sorte e a cigana,
como o caju e a castanha.
como o ponteiro e a hora
como sexta-feira e a cerveja.
como o espinho e a rosa.
Somos o guri de duas cabeças
Instintivas, intuitivas,
racionalmente
animalescas,
carnais feito a rua da matança
e o matadouro municipal
feito a vida e a morte,
feito a chopa e seu Beja
feito a saudade e o meu couro,
feito o varal e o curtume.
Somos o garoto de duas cabeças
mensageiras de novas esperanças,
alvissareiras de uma boa safra no roçado,
apaixonadas por uma boa cachaça,
exacerbadamente amáveis
mutuamente enamoradas
tão próximas e distantes
feito as duas palmeiras de São Pedro, 
feito o sol e a lua, amantes,
feito o pote e a rodilha,
feito a cacimba e a cuia.
Não somos o monstro de duas cabeças,
apesar de sermos corujões e bacuraus,
não vamos exaltar nossos ãnimos,
também não vamos confundir nossas cabeças,
nem tampouco tentar extirpá-las,
senão poderemos ficar acéfalos!
então, vamos procurar viver em paz
cá na nossa terra,
ou no paraíso,
ou mesmo nos quintos dos infernos,
só sei de uma coisa - sem cabeça -
ninguém vai conseguir se encontrar!
Pense Nisso!
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João Maria Ludugero

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