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Trio foi preso nesta quinta-feira (Foto: Alberto Leandro/PortalNoar) |
A sala do Conselho de Polícia, na Delegacia Geral da Polícia Civil, tinha o ar rarefeito no início da tarde desta quinta-feira. Comprimiam-se nela repórteres, cinegrafistas e fotógrafos esperando as revelações dos delegados escalados para dar os mais recentes detalhes sobre os estupros coletivos em Natal. Em um extremo do ambiente, três jovens de bermudas estampadas e com seus troncos nus encolhiam-se à parede algemados. Na outra ponta, à mesa sobre as quais se debruçavam os delegados, se espalhavam os pertences roubados das vítimas, incluindo um dos celulares das vítimas que, para surpresa da reportagem, começou a tocar a melodia da ‘Ave Maria’, uma das mais famosas composições, de Johann Sebastian Bach e Chales Gounod.
Quase ninguém reparou, mas foi um momento que enquadrou o exato emaranhado de sensações comprimidas na pequena sala: repórteres clamando justiça, delegados açoitando com provas ditas irrefutáveis e esmiuçando os estupros; policiais sussurrando maldições aos presos e suspeitos acuados com expressões de clemência. Sob a ‘Ave Maria’, o conjunto plainava e permitia ao expectador manter o distanciamento e não se levar pelas emoções, até que o delegado Márcio Delgado silenciou os acordos de Bach e Gounod, e o peso das acusações proferidas enredou todos de maneira irrevogável.
O trio acusado dos estupros é composto por dois gêmeos, de 17 anos, e um foragido da Justiça, de 22 anos, Alexsandro Faustino do Nascimento. A conclusão colhida com o delegado Márcio Delgado é que os três perpetravam os estupros depois que se drogavam. Para eles, tudo não passava de uma diversão onde o maior prazer era violar as mulheres, enquanto flertavam com o risco de cometerem crimes. “Por isso eles não demoravam. Os estupros eram rápidos”, acrescentaria mais tarde a delegada Michele Barros.
Eram rápidos, mas dolorosos. Três mulheres foram violentadas pelo trio. A abordagem era sempre a mesma: arapuca com arame farpado para surpreender as vítimas em terrenos ermos. As mulheres eram, então, arrastadas para o matagal. Lá, eram estupradas com todo o horror que a doses de insanidade causada pelas drogas podem proporcionar: não podiam emitir qualquer som. Eram obrigadas a suportar um estuprador sobre elas de cada vez. O trio não tinha a preocupação de outros estupradores: não usava camisinha. Expuseram as vítimas a doenças de toda sorte.
Para chegar aos três, a polícia contou com a ajuda de depoimentos e denúncias. Os delegados ponderaram que a contribuição pela via da denúncia foi essencial depois que o caso ganhou ampla repercussão. Eles preferiram, por questões de segurança, não detalhar as técnicas pelas quais desvendaram esse mistério, prendendo um adolescente em Felipe Camarão e os outros dois em Parnamirim. A prisão, a julgar pela reação que esboçaram, ainda é um choque para os três. Assim como foi para seus familiares. “A gente os prendeu em suas casas. Os parentes ficaram chocados. Não suspeitavam que eles pudessem fazer isso”.
Para o delegado Márcio Delgado, o elo que uniu os três jovens é a droga. “Alguns dos objetos roubados a gente localizou em bocas de fumo. Eles eram motivados por crimes pequenos, para manterem o vício. E, uma vez drogados, se entregavam à loucura dos estupros”. Preliminarmente, os adolescentes admitem os roubos e recuam sobre o estupro, imputando o crime a Alexsandro, que passou toda a coletiva de imprensa exposto aos repórteres e meneando a cabeça com sucessivas negativas.
As vítimas, no entanto, não têm dúvidas de que o trio perpetrou os crimes. As mulheres violentadas foram convidadas a reconhecer os suspeitos. Todos foram misturados a outros criminosos e, ainda assim, as mulheres apontaram exatamente eles três – uma delas não resistiu encará-los e passou mal ao relembrar os horrores pelos quais passou. Os objetos roubados também foram reconhecidos pelas vítimas. A polícia não tem dúvida da autoria dos crimes.
Agora, Alexandro será encaminhado ao Centro de Detenção Provisória da Ribeira. Os gêmeos ficarão no Centro de Internação para Adolescentes Infratores (CIAD), na Cidade da Esperança.
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