APARTAÇÃO: SONHO OU PESADELO

APARTAÇÃO: SONHO OU PESADELO

Longe da minha Várzea,
mais pareço um veículo sem volante, desgovernado
sinto um tremendo vazio, sou feito o leito de um rio,
que pede socorro, uma alma penada a vagar na rua do arame
que não contém nada nem dá medo, nem de purgatório
ou só contém ar, rarefeito, comprimido, um pesadelo.

Longe de ti, minha Capital da Cultura potiguar,
minha Várzea que tanto prezo e estimo
Sou feito um balão de São João no ar,
meio que desaprumado, estou à toa, ao acaso
quase desfeito a queimar, a arder sem destino.

Longe de ti, sinto-me com sintomas de paixão, hipocondríaco.
Mas que coração bobo esse meu, degredado,
desterrado, desgarrado coração partido, minado.
Sou feito um indivíduo condenado a deportação, a degredo.
despejado, desocupado, despovoado, desprovido, a ermo,
destituído, fútil, frívolo, vão, árido, Calango seco! Não!
Sem ti, não há sentido, falto de inteligência, estou no vácuo.

Longe de Várzea, sou um 'Ré
da Viúva' sem festa de apartação, sem gado sem seu cavalo
Sou um vaqueiro sem vaquejada, sem a beleza de Fátima,
sem fazenda sem terra sem chão sem lágrima,
sem nada rumando a um poço, de água salobra

Lugar que se despovoou, não habitado,
ermo tornado vazio, vaqueiro sem vaquejada
Reginaldo, ré da viúva, longe da sua fazenda,
sem terra, sem chão, sem festa de apartação
sem ti sou uma cacimba,
vago sem rumo
Rumando m esvaziado, esgotado, estarrecido.

Observo

Num estalo, abro o coração e vejo, acordado
Enxergo a cumeeira, a parte mais alta do telhado,
retiro o entrave dos olhos, que me atrapalha a visão,
enxugo as águas, limpo a vista e agradeço a DEUS.
Estou vivo e de volta para minha casa, saudoso
São Pedro abre-me janelas e portas
bem ali na rua Coronel Felipe Jorge, número 36, Centro,
Várzea-Rio Grande do Norte.

Escritor: João Maria Ludugero da Silva
(Em 15 de dezembro de 2008)