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BICICLETAS

BICICLETAS

E a gente ia pedalando pela Várzea,
cidade de Mãe Claudina.
Apreciando a beleza,
A todo vapor...

Hoje afogo a minha saudade
Detono a minha tristeza
E sinto a felicidade,
Daqueles dias plenos,
Completamente.

Fazíamos retornos,
curvas, ladeiras.
A origem, o destino,
As encruzilhadas,
Os descaminhos
Os desvios fazem parte
do caminho.
O que mais importa?

Nós íamos empurrando
as bicicletas,
ladeira acima,
ladeira abaixo,
por que para baixo
todo santo ajuda!

Resta a escolha, a trilha
Um caminho que nos leve
aonde se quer chegar,
Estrada e
utopia.

Quem nunca andou de bicicleta?
Quem não foi criança um dia?

Íamos todos à fazenda Marisa.
Era um grupo formado
por mim, o João Maria, que ora lhes escreve,
pelo Arnaldo, filho do ex-prefeito Severino Pereira Campos,
pelo Adelson da rua da pedra,
pelo Naldo de Chico Pedra e
pelo Chiquinho de Antonio Euzébio,
o varzeano que tecia tarrafas,
meada por meada, sem tédio.

Estes varzeanos,
juntos pintavam o sete
e o diabo a quatro,
Aos olhos de Deus
pelos caminhos
da estrada de chão
da nossa velha infância,

Eta, tempinho bom aquele!
Tempo em que andávamos
de bicicletas!
Quem não as tinha,
as alugava junto à Zé Estêvão,
Ali na rua José Lúcio Ribeiro, nº
do número não me lembro!

Pedalando com firmeza,
A gente não se cansava.
Dava para contemplar a paisagem,
Os açudes os riachos a serpentear
As estradinhas de terra
Os bueiros, os olhos d'água e
E os mata-burros.

Todo o mundo vai passando.
A vida passa... a vida é curta demais!
A poeira vai ficando, o pó
As vacas brancas a pastar
No campo ficam para trás.
O vento, o cheiro dos currais, o tempo
as ovelhas, os borregos...
É longa a estrada da vida,
Que não pode ser pequena,
Bicicleta, aros e guidões.

De longe, já se avistava
O açude do calango a escoar
Pelo sangradouro o excesso d'água
Seu imponente paredão, sua casinha de taipa,
Seus juncos, seus marmeleiros
Sua Solidão, poesia e simplicidade.

Na cidade de Várzea
pedalando, pedalando
Enxergava a verdade crua.
Meu pedalar não tem fim.
Seguro firme o guidão.
Vale a essência. Se valeu?
Poderia não ter valido?
Quer saber?
Já dizia minha avó Dalila:
O que se leva da vida, meu filho,
É a vida que a gente leva!

Isso faz toda a diferença.
A vida era simples.
Simples como descer ladeiras
de bicicleta.

A gente cresce e se torna adulto.
Esquece de cultivar aquele brilho,
o genuíno brilho da criança,
a curiosidade.
Que tenhamos um pouco disso
guardado que seja
num cantinho da alma,
para ser usado até consigo mesmo,
Generosidade.

E a gente voltava para casa satisfeito,
Empurrando as bicicletas,
Mais alegres que cansados.
O passeio tinha valido a pena!

Repito: Como não poderia ter valido?

ESCRITOR: JOÃO MARIA LUDUGERO
(03/12/2008)
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Beto Bello

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