SUBORDINAR-SE

SUBORDINAR-SE

Enquanto isso...
Eu exerço, de ofício, o instinto.
Eu me acho, eu escapo, eu me dano.
Eu obedeço às tuas ordens, eu me amotino.
Eu me amarro, eu me enlaço, eu me lanço.
Não desisto NUNCA, eu resisto.
Eu encuco, eu encano, eu insisto!

Quanto mais eu luto,
Estrebucho, labuto,
Estou preso a ti, incauto,
Arrebatado do meu lugar.
Minha fuga me prende a ti.
De um ímpeto, teu olhar me raptou.
Conduziu-me à cela, sob duras penas,
Atado sob tuas algemas de prata,
entrelaçado!

Agora, eu te desacato
sem ira nem cólera.
Estou indo embora, viu?
Indo a tempo de chegar
Só para ver o amanhecer em êxtase místico.
Quero me catequizar no teu credo,
Arrebatar teu seio, 'sobre-viver'.

Em ti, acabo de me encontrar,
Estou perdido, totalmente.
Possuído em teu altar de feiticeira.
Depois do teu beijo
não há lugar para o cinza,
Ou será que irei para sempre
Arder em tua fogueira?

Estou em liberdade. in-condicional?
Estou com as forças renovadas, revigoradas.
Agora quero mais é construir meu espaço,
com minhas próprias asas.
Vou destruir todo o egoísmo
Que sempre nos paralisou.
Carregar pedras, fazer minha rua,
meu passo, minha casa.
Não quero mais dar calote
na vida,
Nem colisão
nem corte
nem bater com o meu carro
no próximo poste.

Não quero morrer desse jeito.
Não assim quero morrer nem vegetar.
Só queria de novo te encontrar...viu?
Juro que valerá a pena paga!
Seja eu a presa ou o predador,
pouco importa, dou-lhe graças!
Fugir da raia, não posso.
Não assim tão cedo,
Ainda tão maravilhado!


Escritor: JOÃO MARIA LUDUGERO DA SILVA
(2 de dezembro de 2008).