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DE SOBREMESA, O CORAÇÃO!

DE SOBREMESA, O CORAÇÃO!
Meu coração caiu
na mesa rolou
entre pratos, xícaras e saleiros
quase se quebrou. quase
Joguei a toalha,
tornei-me vulnerável,
saí da dieta
frente aos talheres o caos
a mordida na maçã, diet
coração no espeto
Procurei norte,
não achei chão,
faminto me parti inteiro,
despedacei-me
Meio torto, ainda aos pedaços me levei
aos copos e ainda lúcido,
virei o alvo,
mirei tuas meias taças e corei
Bebi tua amargura,
teus medos, teus desgostos,
tuas cidras, teus pró-secos tuas juras,
teu vinho antigo teu sabor teu fel
Abri as massas
espalhei alegria, o tempero
Ao brindar, afastei o vinagre e a tua face
de quem parece que chupou limão
Deu para ver que a avareza do teu olhar insano
não afastou de nós aquela sopa
de pedras nem a receita e o dissabor
Assim mesmo me esbaldei,
entornei cálices
boca a boca me devorei
sem nenhum egoísmo
acertei em cheio no teu peito,
comi teu coração, picadinho
Gole a gole provei teu licor, e ploft!
Coitado de de mim!
Acertaste a rolha em cheio
no meu olho que embaçou,
chorei ao cortar cebolas, sequei meu pranto,
guardei os lenços e o adeus,
enxuguei a louça,
afiei minhas garras,
arregacei as mangas
De novo, cebola cortada,
faca cega, dois gumes,
afiado punhal nas minhas costas,
tenros legumes
Meu coração caiu na mesa e se espatifou, ploft!
Não tem jeito, inflamado preciso
de você, ingrediente
desse amor aos pedaços,
sem nenhuma etiqueta
à mesa, como com as mãos,
dente por dente, mastigo
mordo e alcanço o céu
da tua boca, manjar dos deuses.
Se eu não descascar seus abacaxis, vou me danar
vou ter que fazer um transplante
de coração, urgente,
ou acabar sem nexo perdido
a rolar feito seixo
na rua dos baleiros,
tentando colar meus pedacinhos,
sem êxito.
Estou de novo na sala, à mesa,
faminto, a espreitar tua língua
cheio de vontade de pedir a saideira, à míngua
Mas você já me pegou de jeito
ao dente, com água na boca,
armada até os dentes,
num único assalto me atirou
ao chão, e ploft!
Fora do cardápio,
não estou assim nem assado,
ao ponto ou bem passado, curtido
estou pronto para ser degustado em tua ceia,
aos cacos, estou estarrecido e, ploft!
Pago pra ver. Desce a conta!
Azia ou má digestão?
dê-me mais um trago,
e sais de fruta.
Que alívio!
Autor: João Maria Ludugero da Silva (Em 26/12/2008).
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Beto Bello

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