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O MISTÉRIO DA MINHA VÁRZEA

O MISTÉRIO DA MINHA VÁRZEA

Aqui é o meu lugar. Meu pedaço de chão. Lajedo tão grande.
Aqui São Pedro mantém todas portas e janelas abertas.
'Pedrão' é o chaveiro da minha cidade, é o padroeiro,
Que sem cerimônia alguma quebra todos os protocolos
E abre as cortinas para o simples viver, viver com simplicidade.
Pedro sabe o caminho das pedras. Não é mesmo, 'Pedrão'?

Várzea é isso. É o retrato da própria simplicidade.
É descobrir uma grata surpresa - o valor de ser simples.
O valor das coisas simples. É o que se leva.
Várzea é não ter pressa, é mansidão, é ficar à vontade.
É um sempre esperar por você de braços abertos.
Várzea é assim, hospitaleira,
Ela exerce um fascínio especial nas pessoas.

Qual seria o mistério?

Certamente, a simplicidade autêntica de sua gente, com cara de felicidade.
Sem dúvidas, este seria o forte ingrediente.
A gente quando pensa em Várzea, logo a associa a meio ambiente, à natureza.
Realmente, cada arisco seu nos remete a um olho d'água, a uma vertente,
pois é uma terra de rica flora e uma abundante fauna.

Lá tem bananeiras no sítio de Seu Virgílio,
Tem mangueiras em flor no sítio do Seu Chico Cruz,
Tem nascentes de águas salubres, potáveis, em tantos lugares,
Tem cajá, tem caju, tem castanha no riacho do mel, tem umbu,
Além daquele cheiro bom de cajueiros lá dos angicos...
Sem falar das folhas caídas que se transformam em húmus,
que adubam o solo, que dão à terra um real sentido, a mais pura essência,
Tem harmonia entre o rústico e a bela natureza, esse pedacinho de Brasil,
Aonde a linha do tempo faz verão
na minha cidade moça, Mocidade,
Solo viçoso que denota vigor,
verde cor da espera, fertilidade.
Na ânsia de ser, viva esperança vestida de luz e
tranqüilidade (aqui ainda com o trema, seu uso dentro em breve desaparecerá).

Minha Várzea tem ninhos, canários e galos de campina
Tem coqueiros que entre o verde e o azul enredam maracujás e canas caianas
Endereço de camaleões, tejuaçus e calangos que furtam-cores,
Tem lajedos tão grandes e
pequenos seixos, convite único ao arremesso
da nossa imaginação nas águas paradas, limpas,
a fitar a nossa memória a cada pedra atirada
na vastidão da lagoa comprida, lagoa grande, o tempo
De onde brotam juncos e verdejantes capins, verde vida, sonho e magia.

Nessa várzea não sou apenas saudade, sou também água e areia
Sou a areia do rio Joca, sou o próprio rio, sou movediço.
A irrigar o coração nesse mar de saudade. Mar de ilusão? Não!
Sou um guia a caminho do Itapacurá,
sou estrada de chão, aonde me acho!
sou a velha esperança nova do Seu Tito repleta de alegria,
fogueiras e folguedos, comidas típicas e festas de São João.

Minha Várzea me leva ao acessório vapor de um tempo bom, escorreito.
Um retiro aonde chego e me afugento como se ouvisse música, sem acordes.
Quando me rebate a solidão, lá me escuto como num sonho acordado,
De tão longe que me ausento em redes de algodão, no alpendre,
por entre verdes ramos me estendo como um caminho, me estico,
na sala de bem-estar como com a mão, arregaço as mangas, sem etiqueta
Relaxo pelo mato a adentro, me espreguiço, alvissareiro
feito um nobre, sem nenhum preconceito.

Nessa várzea, me curto, me alongo, não me estresso, me arremesso com força.
Me embalo nesse ninho feito um colibri, um beija-flor, inquieto e afoito ao vento
Sou aquele bem-te-vi que disse adeus, ainda ontem, maravilhado!
A mirar o mais lindo dos entardeceres, o mais belo pôr-do-sol, o varzeano,
O que me encanta aos olhos e me tranqüiliza a alma,
O que me faz viajar em pensamento.

Ali me conforto feito um príncipe contemporâneo,
resignado no jardim do éden
a contemplar a terra de dona Rosa Marreiros.
Tão cheia de natureza é a minha Várzea sagrada.

E eu aqui a resgatar a simplicidade da sua gente,
Seu meio ambiente, sua cultura, sua religiosidade e sua história.
Eta, que terrinha boa essa nossa Várzea! Sim, senhor!
Acaba não mundão, de Deus, sem que eu volte para lá!
Ouviu, meu amigo 'Pedrão', chaveiro de mão cheia!

Escrito por: João Maria Ludugero
Em 10 de dezembro de 2008.
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Beto Bello

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