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VÁRZEA: MUSEU DA INFÂNCIA

VÁRZEA: MUSEU DA INFÂNCIA

As crianças brincam na praça da matriz
Ali na rua José Lúcio, debaixo das palmeiras
Seu jogo de esconde-esconde, sem planos,
Na esquina brincam de ser feliz,
Sonham e sonham, sonhos acordados.
Sem pressa nem propósitos,
sem prós nem contras,

As crianças brincam sem medo, de sonhar
sem hora de voltar para casa, borboletas soltas.
Pulam corda e jogam bolas de gude, coloridas
Bilocas atiradas na mira, acertam no alvo
com toda a força da infância vivida
a seu tempo misturando tudo sem pudor
nem pular o essencial brilho da inocência,
porque ninguém vai dormir ou acordar
nossos sonhos tão reais, tempo de quintais
Tempo de pardais e de um sol tão amarelo,
Tempo de brincadeiras, de pular
amarelinhas, ao vento.

Eu vislumbrava na flor do teu sorriso, a paz
Tua face corada a sorrir, adolescente
Descalça ou vestida de sol, com flor no cabelo
e aquele clássico cheiro de alma de flores
Em tuas tranças estou preso, rapunzel.

Em tua esperança eu me equilibrava, em tua gangorra
balançava solto no ar, acabava por me achar na tua rede,
Teia a me embalançar, raio de sol solto no ar
Entre as majestosas palmeiras de São Pedro,

Em tua boca eu corria os olhos, flor da manhã
eu matava quase toda minha sede, quase
Ou teria mais sede de amor, de amar
pressentia de resto o jogo da vida.
Monitorando toda brincadeira, tão sadia
acompanhava os seus botões, um a um,
ainda mais maravilhado
em pleno semi-árido,

Se eu me perder flor de cacto, vou procurar-te aonde?

Se em tuas tranças me desembaraço
e dissemino essa paz, incontida a esmo
Não tenho mais medo, nem da violência que nos ronda
não mais fechamos nossas casas, em Várzea,
Não mais nos fechamos em casulos ou grades,
porque nosso limite é a linha do horizonte azul.

Eu que sempre fui tão lúcido, ora me desatino
Só em tua alegria me nutro, me sacio, te fito.
E o que era uma promessa de vida, infinda
A lida ora me ensina, a sina me faz eterno alvo e aluno,
Daí num piscar de olhos, me matriculo
na escola Dom Joaquim de Almeida
ou na Plácido Tomaz de Lima...
Por que ali a gente cresce, mas continua aquela criança
que embala a ciranda da vida, sempre enamorado
entre uma palmeira e outra da matriz de São Pedro.

Ali a violência não tem índice, não existe.
Porque só combatemos em nossa guerra de meninos,
Usando o polegar e o indicador atiramos bolas de gude, coloridas,
Jogo em que os contendores não apostam fora da alegria,
porque tem a magia que logo vem o aperto de mão,
do abraço apertado, fora da linha do tempo,
sem idade para brincar nem pular o sonho,
Ah, pulamos, sim, o sol, amarelinho!
Fazemos ali a nossa aquarela, pintamos o sete
Entre uma e outra palmeira de São Pedro,
Trilha do entretenimento desse expresso trem varzeano,
Alegria, Infância e Juventude.



ESCRITOR: JOÃO MARIA LUDUGERO DA SILVA
(EM 11 DE DEZEMBRO DE 2008)
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Beto Bello

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