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A CHUVA NÃO VEM SOZINHA...

A CHUVA NÃO VEM SOZINHA...
Autor: Ludugero, 05/02/2009.
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Eu sempre acreditei que a chuva tem o poder mágico de despertar melancolia nas pessoas. Não sei se você já parou para pensar, nessa época nossas emoções ficam mais aguçadas, receptivas, tensas. bem se sabe, é verdade que estas são cinzentas, são gris como o próprio céu quando nublado. Mas passam a ser mais prolongadas, mais profundas, mais intensas, menos mornas. A chuva não vem sozinha, o tempo chuvoso, úmido facilita a introspecção e faz com que as reminiscências sejam mais ávidas, vivas, mais presentes e muito mais abundantes, em especial quando estamos a sós e sem muito ou nada que fazer.
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Falo por mim, pelo menos no meu caso, acontece dessa maneira. Digamos, pois, que o homem é um ser meteorológico. Não sei explicar a razão desse comportamento, nem garantir que seja isso, mas talvez isso tudo seja resultado da influência climática, devido à à mudança na pressão atmosférica.
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Eu, Ludugero, como um bom varzeano que se preza, gosto de sol, de dias ensolarados, mas não desprezo um belo dia de chuva. Até gosto de escrever em dias chuvosos, com a água da chuva simulando uma suave canção de ninar ao escorrer mansamente pelo telhado, pelas calhas, pelos paralelepípedos, pela torre da igreja do apóstolo São Pedro. Nos dias de chuva, meu poder de concentração torna-se maior. As palavras, frases, a coordenação das orações, o fio da meada, sentenças e períodos alinham-se com maior facilidade e coerência. E, em geral, elas apresentam um certo tom de tristeza indefinida, vaga, sem razão objetiva. Eu, deveras, aprecio particularmente a chuva mansa, persistente, contínua, que demora horas consecutivas, em especial nos finais de semana, quando não tenho compromissos fora de casa e posso me entregar, modorrentamente, aos meus textos e artigos, aos meus escritos, às minhas memórias varzeanas.
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Interessante como a chuva tem efeito sobre mim. Quando chove, eu acabo por realizar uma viagem, telepática, em pensamento, até mesmo a caminho do trabalho. O Blog do Beto Belo trouxe uma foto da matriz de São Pedro, a praça central, tirada com o céu nublado, tudo molhado, falando das chuvas que caíram no mês de janeiro último na nossa Várzea. O cenário molhado da igreja azul, a praça, as palmeiras e a rua tiveram sobre mim um efeito sedativo, calmante, apaziguador. Senti-me em Várzea, observando o templo sagrado de São Pedro. O quadro me fez meditar, auscultar as minhas emoções e conversar comigo mesmo. Meu senso de observação é bastante aguçado, a paisagem chuvosa, o panorama me fez viajar até lá, na minha querida Várzea.
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Nos dias de chuva, mesmo em Brasília, observo as pessoas atravessando, apressadas, guarda-chuvas nas mãos, as movimentadas avenidas da cidade. O que será que lhes vai pela alma?, indago-me, questiono. Talvez nada. Talvez muito. Talvez tudo... Fico rememorando um sem-número de poemas, de artigos escritos e inspirados pela chuva. Eu sou um varzeano que gosta das estações bem definidas, tudo a seu tempo. Tempo de sol, tempo de chuva, tempo de viver a vida. Tudo é válido, tudo tem o seu devido valor. Até a chuva, você não acha? Adoro comer pipocas deitado numa rede em dias de chuva. Gosto de ler e de redigir nos dias de chuva, embalado pelo barulhinho bom que cai no telhado, que leva a alma da gente para longe, ou para perto de um lugar chamado Várzea.
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VNT Online, em 20/02/2009
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Beto Bello

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