VÁRZEA: VAPOR, CHEIROS E RUÍDOS
Autor: Ludugero, 02/02/2009.
Eu bem que disse
que o caminho era longo
eu bem que sabia
que a esperança era nova
eu já sentia que o Vapor
me fazia atravessar o rio Joca,
Eu já conhecia de cor e salteado
aqueles caminhos vertentes
com cheiro de terra molhada
cheiro de capim
e de macambiras.
Uma subida, um coqueiral de passagem,
feijão de corda, milharal e jerimuns
uma descida íngreme entrecortada de riachos
e sumidouros,
cacimbas de areia branca,
ariscos de água doce,
entre o vestígio dos caules
dos ingazeiros, dos juazeiros
em meio a lentidão das pessoas do lugar
o eco da simplicidade, a voz
roças, roçados, algodão em flor,
canários da terra e pintassilgos,
bem-te-vi e eu não te vi
não sem meter a mão
no embornal da saudade,
minha Várzea, meu chão!
Cocos coquinhos e catolés,
melões e melancia,
cio de pássaros
cheiros da minha bela cidadezinha
de viver simples
um coexistir com simplicidade
cheiro de flor da terra, ruídos
mina de água doce,
salobra saudade.
o rio Joca traz as lavadeiras, o musgo e os juncos
em que imaginamos ser o habitat
de carás e belos jundiás
que reluzentes insistem em fugir
dos landuás lá no rio de Nozinho
É demorada essa saudade que me invade
que se esvai ao vento, e vai longe
ao fulgor da luz de um novo tempo
De longe e perto, vejo as luzes da cidade,
peixes no anzol, samburás cheios
de piabas e aratanhas, muçuns
tempo de pescar, de se banhar
no rio que corre lento no meu peito
a desembocar no coração da gente...
riacho de saudade,
minha Várzea.
VNT Online, postado em 07/02/2009
Post A Comment:
0 comments:
OS COMENTÁRIOS POSTADOS AQUI SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR DO COMENTÁRIO.
PARA FAZER COMENTÁRIOS NO VNT:
Respeitar o outro, não conter insultos, agressões, ofensas e baixarias, caso contrário não serão aceitos.
Não usar nomes de terceiros para emitir opiniões, o uso indevido configura crime de falsidade ideológica.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.