ADORMECIDO?

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ADORMECIDO?

[Autor: Ludugero, 16/02/2009.]

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Em nenhum instante eu fugi de ti,

não houve essa coisa de partir, de adeus

eu nunca saí de tuas entranhas e veredas.

se essa é que é a verdade,

melhor que seja assim.

Mas essa tua trança seria trinada ao vento?

e as novas esperanças que quase sempre havia,

em que campos correriam afoitas ao vento?

digo o vento da tardinha, eu gosto do que

me diz o vento. Ele me tem a resposta.

Eu ainda guardo teus papéis, juro que guardo.

eu sei das minhas águas paradas,

do açude e dos seus vapores.

são legítimas as minhas cicatrizes no rosto

eu gosto delas, resolvem-me no espelho

onde me perco, justo que me perca,

quando passeio pela tua beleza.

Vejo teu céu tão azul.

vejo tua igrejinha azul

tudo azul a te encontrar, azul

azul seria o espírito que tem esse lugar?

haverias de preferir uma outra cor que não o azul

o azul da manhã,

o azul da tarde,

o azul da paz

o azul dos olhos que ficam vagos

de nenhuma palavra,

a viajar no trem azul

das minhas lembranças?

o que poderei dizer quando te encontrar?

não teria lugar para um silêncio

diante do que significas

na construção desse menino varzeano

que não se cala diante de tua potestade.

O que falarias?

De que nos diríamos?

melhor que tuas tranças fiquem ao vento

a me embalar a cidade, a saudade.
Venha vento doce da noite,

venha e saiba o quanto me perfumas

o hálito desta noite tão cedo,

com teus cheiros,

com teus ruídos

com o ranger de portas

e janelas que me abrem o peito,

ou o fecham

simultaneamente,

de amores

que nunca adormeceram

de amores

que nunca adormeceram

de amores

que nunca tardaram adormecer...

antes tarde,

do que nunca!

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VNT Online, postado em 20/03/2009