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CALANGO: SÓ SABE DE TI QUEM BEBEU DAS TUAS ÁGUAS!

CALANGO: SÓ SABE DE TI QUEM BEBEU DAS TUAS ÁGUAS!
Autor: Ludugero, 13/04/2009.
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O vento varzeano sopra aos quatro cantos.
Sacode a poeira das horas e passa faceiro.
Durante o dia ninguém percebe
a ferrugem de sua catraca,
mas ele passa rápido como uma lebre do mato.
É bem sabido que existe naquele lugar um retiro
um canto no qual eu possa descansar
um cheiro de curral e flores silvestres
um cheiro de mato e o preá que passa ligeiro.
Durante a noite, quando todos dormem
quando o dia nasce e nada acontece
quando a lua amanhece
além da casa branca de dona Risolita,
o Calango acorda e canta
e me encanta com suas águas
de lembranças tantas, com seus juncos
com sua brisa que não se encerra no paredão,
com seus peixes que pulam além do sangradouro.
Ali no açude cheio os louva-deuses chegam,
as borboletas amarelas soltam seu pó encantado
me deixando voar junto com elas numa tela natural,
num quadro de natureza viva,
mergulhado no mais belo pôr-de-sol.
E o reflexo da lua brilha tanto
no espelho das águas do Calango
que dá até vontade de virar um mergulhador de sonho
e transformar todo o mundo numa pescaria de sonho,
pois contigo no peito eu nunca me atiro no vazio,
banho-me de uma paz verdadeira,
quando a lua vem banhar esse lugar
e a poesia tem esse poder de me desnudar
nadar num açude muito profundo, repleto de gente feliz
a sonhar com suas redes, seus landuás cheios de piabas
carás, jundiás e outros pescados... sonho acordado!
Dá vontade de ali me jogar, atravessar o Calango
de uma margem à outra, voar com as fadas daquele lugar
ir até o topo dos coqueiros do rio Joca, me retirar
dizer bom dia ao Seu Olival, abraçar dona Penha
e agraciar as estrelas da minha Várzea em flor!
Diga-me, oh minha gente,
como seria bom se esta lua brilhasse toda noite
como seria bom se este açude matasse a nossa saudade
como seria bom se seus bem-te-vis cantassem e
trouxessem mais que a chuva para irrigar nossa Várzea
como seria bom se seus sabiás me acordassem ao crepúsculo
como seria bom de ver meu açude a encantar mais e mais pessoas?
Mas sei que no meu coração inquieto
tudo isso permanece vivo e o que isso significa
faço fé nessa fonte que não cessa nunca
da qual sei que nunca abrirei mão, nem largo o pé,
pois sou daqueles que jamais esquecem suas raízes.
E as minhas estão plantadas ali, junto com meu umbigo,
bem ali na minha Várzea das Acácias,
esta cidade que tanto me encanta
minha flor da esperança plantada
com todo afinco no terreno do coração.
Meu Calango, eu sei de ti,
conheço a tua face, bebi tua água
e a Várzea voltarei sempre, pois
tenho uma sede que não morre nunca:
a sede de te amar por toda minha vida!
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Beto Bello

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