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CAMINHANDO DEPOIS DA CHUVA...


CAMINHANDO DEPOIS DA CHUVA...
Autor: Ludugero, 06/05/2009.
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Gosto de caminhar depois da chuva. Não sei por que, mas gosto de sentir o cheiro de terra molhada, de barro, de capim serenado, de cheiro de mato, de vapor de mata virgem. Por que será? É que gosto de apreciar a natureza, as cores, o jeito de mato, o verde perto. O tempo é curto. Muito curto às vezes.
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Já reparou nas pedras molhadas, nas calçadas, nas ruas em que os paralelepípedos evaporam a água que encharcou o chão? Muitas vezes me bate um sentimento de "estou fazendo a coisa certa com a minha vida". Besteira? Talvez. Sempre gostei de coisas simples, de andar descalço, de observar as folhas dos arbustos, até as folhas secas, aquelas caídas no solo, a virar húmus. Eu observo demais as coisas. Olho para o céu, vejo a lua quase apagada ou branca feito uma bola jogada no azul. Já vi nuvem com formato de elefante, já ouvi respostas silenciosas em olhos de cachorros, já ri sozinho, já lembrei de coisas em um instante e esqueci para sempre depois. Eu gosto de caminhar depois da chuva, quando o sol começa a brigar de novo pelo céu que é seu, e nascem cores que eu não conheço. A vida é simples. Várzea me fez assim, com jeito de simplicidade. E sou muito feliz por ser e agir assim, do meu modo, meio direito, meio torto, mas sempre vivendo de bem com a vida e com tudo que nela há. Nunca me arrependi de ser assim. É da minha natureza, está no meu modo de ser varzeano, de estirpe, de berço, nativo.
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As pessoas insistem em complicar. Lembro-me de antes, muito antes de agora: diziam-me que apontar para as estrelas fazia crescer verrugas nos dedos, e eu teimava em unir os pontos brilhantes, tracejando linhas com o indicador e formando figuras que só eu via. Como naquelas revistas que trazem uma seqüência numérica de pontos que vira um desenho sem graça? à forma do meu traço, porém, tudo sempre pareceu mais belo. Eu faço as coisas do meu jeito, é raro ir pela cabeça dos outros feito piolho. Parece um modo perigoso de viver a vida, pois corre-se o sério risco de morrer esmagado na unha de terceiros.
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Eu sou um desenhista de desenhos invisíveis. Sou mesmo um fotógrafo de cenas que nem sempre acontecem. Sou um escritor varzeano. Eu escrevo coisas não-tristes. Não sei. Escrevo coisas simples. Gosto de coisas simples. Sempre gostei. Vou continuar assim, escrevendo coisas simples. Tenho sede disso. Acordo com vontade de beber as palavras, de traduzir sentimentos no papel, de redigir versos, unir palavras, anexar orações, comemorar o dia desde o seu nascimento, desde o amanhecer do amarelo sol da minha Várzea.
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Gosto de rir, mas gosto mais de ver sorrisos. Não que seja necessariamente eu a fazer as pessoas rirem, gosto quando riem e nem sei o porquê ou nem preciso sabê-lo. Assim, invento mil motivos para a alegria alheia. Mas as pessoas podem estar tristes. Eu posso ficar triste também: é um direito e não chega a ser uma escolha. Posso chorar em silêncio. Sim. E choro, aliás, choro até de alegria, por estar feliz, de bem com a vida. Mas ainda prefiro caminhar. Depois da chuva. E rindo? Sim, sorrindo, nem sei de quê. Ser feliz é preciso, de qualquer jeito. É o que interessa. É o que se leva da vida. E, se chove, vou sair de guarda-chuva. Ou não. Há dias que gosto de tomar banho de chuva, sem medo de me molhar, afinal não vou me derreter, pois não sou feito de açúcar, apesar de trazer sempre um favo de mel no bolso, ou gostar de um café amargo ou adoçado com açúcar mascavo. A vida é boa, se bem dosada, na medida, chova ou faça sol. Pense nisso!
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Beto Bello

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