UMA CANÇÃO VARZEANA DE NINAR GENTE GRANDE

UMA CANÇÃO VARZEANA DE NINAR GENTE GRANDE
Autor: Ludugero, 06/05/2009.
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Deite-se numa rede no alpendre
da casa do Vapor ou
na beira do Calango.
Se derrame numa espreguiçadeira
Jogue fora as horas
Esqueça-se dos relógios
Esqueça-se de tudo
Do destino da vida
De quaisquer dilemas.
Durma, esqueça-se das paredes
Esqueça-se do teto, das telhas,
dos arames farpados, dos estilingues.
Durma, a céu aberto, voe e alcance as estrelas.
Atravesse a Brasiliano Coelho,
Entre em becos, os portais, as quatro bocas.
Durma, o tempo não vence as nossas memórias.
Tudo ficará guardado na alma do açude
Durma, a vida é feita de sonhos,
Ultrapasse as porteiras
Embale-se num sonho de sonhar
Deitado numa rede armada
entre duas palmeiras.
Acorde, o corpo luminoso vestido de azul
e de nuvens soltas de algodão
Acorde, os cabelos perfumados
e uma trança feita
ornada com flores do mato.
Acorde, o olhar feito de estrelas
no altar de São Pedro
Acorde, respire fundo
e sinta o coração satisfeito
Acorde, pois estamos em Várzea,
a cidade-berço da felicidade,
aonde se busca no colo da paz o sonho acordado,
ouvindo-se a mais bela canção
de ninar gente grande:
Nosso vapor tem mais vida,
Nossos Ariscos, nossos Seixos
muito mais vertentes amores,
porque só a nossa Várzea
tem cores, andanças
e andores repletos de flores
que outros lugares não têm.
Diga lá, São Pedro!
E viva o povo varzeano!