EXTRA-VARZEANDO
EXTRA-VARZEANDO
Autor: Ludugero, 15/06/2009.
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Eu venho ali pela Vargem,
Por entre capins, juncos e jias
Atravesso a estrada de chão, a todo Vapor,
Vejo a água a escoar por seus bueiros,
A extravasar, a irrigar o roçado, a roça,
A fertilizar o sagrado solo dos Marreiros,
A fazer crescer o milharal com abundância
A fazer a batata doce se enramar pelo paul
A fazer brotar mais folhas verdes nas manivas
A fazer verter esperanças novas, no peito e na marra,
A fazer render que só mandioca de Várzea.
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Eu venho lá do Abatedouro Municipal
Eu trago carne fresca, nervo e cabelouro.
Pelo caminho me pego a admirar mulungus e juazeiros.
O espinho de juá bate e não me fura.
Seus frutos amarelos e doces deslizam na minha boca.
Minha saliva salva qualquer mordedura ou vestígio de dentada,
Se a coral morder por desaforo,
De pronto, eu a desacato, de fato,
Tiro o veneno da cobra, faço soro
E dou vida a qualquer um ser vivente.
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Seja qual for a qualidade da serpente,
Eu sou mais forte, pois sou filho do agreste varzeano,
Sou da estirpe de Dalila Ludugero,
Mulher-Coragem a enfrentar qualquer peleja
Ou magote de cabras da peste, que seja,
Estivesse mesmo quieta ou assanhada,
A empunhar seu Rosário ou terço de contas,
o que lhe dava a força e o vigor de Sansão,
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Não tinha pra mais ninguém mesmo!
Que viesse munido de faca ou bala,
Não havia acaso, espreita ou tocaia na touceira,
Que desse temor naquela nativa senhora,
Que era capaz de meter medo a qualquer valente,
Que seria capaz de ficar prostrado ou até 'sujar as calças'
Ou de ficar sem nem um dente...
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Sentado ali na margem do açude,
Você vê quando ali ao pôr-do-sol
O cenário fica ainda mais bonito.
O tetéu no Calango solta um grito
E a andorinha por detrás do arrebol
Na biqueira da casa o rouxinol.
Pousam andorinhas no quintal da padaria
De Seu Nenê Tomaz, o homem do "pitéu".
Lá por traz da igreja de São Pedro os pardais
Despertam a passarada e um novo dia.
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A aurora com sua rubra cor
É bonito um poeta trovador
Debulhando a saudade na verve da poesia
A encarnar essas imagens tão vertentes,
A dar rubor a esse grande Amor,
Que não é apenas vertigem nem miragem,
Que nos enche o peito e extravasa
Meu enorme coração tão varzeano!
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Eu te amo, Várzea!
O que mais posso dizer,
Se está na cara, a extravasar, poros, veias e capilares
Como é grande o meu Amor por você!
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