PÁGINAS DA VIDA
PÁGINAS DA VIDA
Autor: Ludugero, 10/06/2009.
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Eu trago nas mãos do tempo
As palavras rabiscadas no papel,
Há flores desenhadas no papel,
Flores de papel.
Amareladas.
Amarrotadas.
Esmaecidas.
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Papel traçado, papel corroído,
Pouco a pouco pelas traças,
Cujas larvas chatas vivem
Em casinhas abertas
Nas extremidades, nas folhas,
Dos papéis carcomidos.
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Há flores de papel crepom:
Papel de seda enrugado,
Usado na confecção
De flores artificiais
E de outros objetos de adorno.
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Papéis que Brilharam
Em procissões de São Pedro,
De romarias de santos
De milagres
De bandeirinhas
Em festas de São João.
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Papéis que bloquearam
A solidão
De corações
E dormiram sob sonhos
Acordados de manhã.
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Estes papéis guardam as lembranças,
A matéria-prima da obra, do livro,
Já teve vida, além das escritas,
Na árvore que foi o fio, a seda, a corda
Que as sustentou nas paredes ao vento.
São dele agora as flores, a leveza
E as recordações tangentes
Da minha Várzea das Acácias.
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E aí vem a saudade,
Quando passa por nós,
Ao cair da tarde,
Sorrateira,
Quando o mesmo vento
Do açude do Calango a beija,
Há um tremeluzir
Por entre as copas das árvores,
Por entre os ramos dos arbustos,
Entre as pequenas mudas de eucaliptos
A indiciar novas florestas,
Novos papéis
Novas histórias,
Bem da vida bem vivida.
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