VÁRZEA: É DE DAR ÁGUA NA BOCA!
Autor: Ludugero, 25/05/2009
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Amanhecem os cravos brancos nas janelas.
Nos jardins, os hibiscos dobrados se abrem.
Circula no ar um cheiro verde de grama recém-aparada,
De juncos e capim que nascem
Nas sendas da minha vargem.
Corre longe o cheiro de alecrim
E manjerona-do-campo.
No fogão de lenha,
O crepitar, o arder da lenha
O cuscuz exala seus vapores,
Que apetecem qualquer varzeano.
Não adianta ficar adiando a degustação, o café
Na mesa posta, a manteiga-de-garrafa se derrete
Na tapioca que se dobra ao coco.
O queijo de coalho dourado na brasa
Se deita na grelha, se tosta na superfície.
No alguidar. a manta de carne-de-sol
No galão, o leite, a coalhada e o mel!
Tudo é de dar água na boca
A batata-doce assada, as natas
Os sequilhos de goma, os biscoitos e as soldas
De melado de rapadura, os brotes e as bolachas
O bolo de milho, a macaxeira cozida. o inhame,
As iguarias da minha terra, os quitutes
Os estrelados ovos-caipiras,
Fritos sem serem mexidos. na banha
Não há nada igual!
Desculpem-me a gula!
São assim mesmo
De encher a vista, a olhos vistos,
De se lamber os beiços, de salivar,
De encher a vida de coisas boas, de pitéus,
Formas tão simples de se levar ao céu
Da boca tantos petiscos e manjares,
Aquilo que alimenta ou deleita o espírito
De delícias
De apetitosas
Coisas da minha Várzea,
Minha terra prometida,
Meu rincão de São Pedro
Meu abençoado chão
De dona Nena Caico!
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