
Autor: Ludugero, 24/06/2009.
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Há dias em que acordo e me sinto
Como que faltando um pedaço...
Daí, me vem a fome de fazer versos
Versos simples que saem assim
torrencialmente, versos feitos,
Tal qual uma enchente do rio,
Assim como a cheia do Joca.
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Eu sei que o meu agreste
Tem as suas fases de seca,
Tem sua aridez, tem seu estio.
Mas preservo a lâmina da luz sob as águas
Refletida na flor das águas do Calango,
Que me atira seixos na memória,
que me incita a fazer poesia.
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Escuto o cantar do galo
Que escondia a manhã, acordo cedo!
A divagar pela rua das pedras,
Acendo minhas velas no Cruzeiro.
Reavivo as minhas esperanças.
Há dias em que elas custam suores,
Mas vale a pena, apesar dos pesares,
A duras penas, preservar nossos valores.
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Acordo e lembro das praças,
Dos encontros com os amigos
A andar pelas ruas fagueiras da minha Várzea.
Há dias que temos sempre que mirar adiante
Seguir o passo, traçar o caminho, a utopia.
Nadar no rio de Nozinho,
Pescar de anzol ou landuá,
Atirar redes e tarrafas.
Seguir até o roçado, a roça,
Colhendo milho, feijão e poemas.
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E lá da casa do Vapor de Seu Zuquinha,
Observar a paisagem bonita da minha
Cidade da Felicidade, contemplá-la!
Numa paz serena somente quebrada
Pelo grasnar de patos,
Pela esperteza dos gansos
E pelo esplendor do pavão,
Que vaidoso apresenta sua plumagem
Brilhante azul ou verde,
Com manchas oculares iridescentes,
Que podem abrir-se sob a forma de grande leque.
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Tem semanas que me fixo em lembranças:
Versos me vêm assim de supetão, de súbito.
Fico afoito para engendrar as palavras, tecer as trilhas
Fiéis à minha sagrada Cidade da Cultura.
Talvez elegias e sempre um grande Amor, de certo.
Há instantes que valem suores, que me inquieto,
Vale o hoje, o agora, vale o já, vale ouro!
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O Calango é só uma página e saudades!
Logo me vêm outras ruas, outros olhos, outros verdes:
Maracujá, senda de uma paixão,
Jeito de mato e seus códigos secretos
De mergulhar a poesia em doces frutos
Ou até mesmo na acidez da polpa do tamarindo
Plantado por dona 'Melizinha' de Seu Wandick Lopes,
Na fazenda Marisa de sonhos e fantasias.
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Eu escrevo meus versos, aos montes.
E os guardo com carinho.
Não rasgo meus versos. Isto não!
Eu espero, sim, arquivá-los, de fato,
Para sempre num livro:
Memórias de Um Menino Varzeano!
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