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O PAXÁ E O FIM DAS ORQUÍDEAS Autor: Ludugero, 23/06/2009.
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Acabou!
Agora sim, acabou de acabar
Agora posso arrumar minhas parafernálias,
Agora posso arrumar minhas bugigangas,
Agora posso arrumar minhas memórias de vidro,
Guardá-las na gaveta do esquecimento,
no arquivo morto,
Afundá-las no poço dos retirantes
Esconder-me no abrigo, dos exilados
Apagar aquele momento
em que fui o paxá, o rei do teu castelo
de areias, movediças.
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Passou!
Teus olhos azuis me naufragaram na piscina.
Estão todos borrados no meu peito
os versos que te tinha escrito, simplesmente
Voaram com o som e ao sabor do vento, as cinzas
Quebraram-se assim em pequenos espaços de tempo,
Os vasos de orquídeas que me deste, as flores murcharam
Lançados na esperança, na brisa, tornaram-se gris,
Ninguém mais ouviu meu grito por alento.
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Perdi-me, quando me achava na doçura da tua voz,
Agora aplaudo e louvo meu silêncio, de fato
Do teu abraço terno e meigo, me desatei
Braço que me segurou, agarrado ao peito, sufocou-me
Empurrando no fim para fora do teu leito,
Mergulhei sem asas, na tua sombra e vi o abismo!
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Acabou! Acabou!
A alegria do meu pecado, que pecado?
Na loucura adorada do meu amor afagado,
E apenas ficou a tristeza de um passado,
Agora retornado em papel
Já amarelado pelo tempo-tempo,
Como os pirilampos brilham no nada, vago-lume
Fica aqui o manto de uma amizade futura, num recanto.
Talvez amizade, amanhã, quem sabe?
Que venha o tempo, só a ele caberá passar ou não a borracha
No que ficou no papel passado, as traças e as tralhas,
Quiçá nas palavras ao vento!
Palavras, palavras...
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