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EU-VARZEANO



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EU-VARZEANO
Autor: João Ludugero, 11/08/2009.
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Bendito o meu corpo
Que sangra de saudade
No paredão do açude do Calango!
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Na grande aventura da vida, da sorte
Meu corpo finito, tão franzino, tão menino
De tantos esgares e vãos indizentes, a correr pela Vargem
Estupenda sina que migra de mim mesmo, a dor e o sorriso,
Sem passaporte sigo pelas margens do rio Joca, persigo riachos
E avanço pelos ares bons da minha Várzea.
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Pouco me atrapalha o mundo e seus lindes,
Pois atravesso o tempo e a lenda, desnudo.
Eu cruzo qualquer outro caminho, deslindo-me,
Sem perder minhas raízes do agreste,
Observo rosas, mas guardo seus espinhos!
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Meu coração varzeano
Não tem Limites impressos nem precisos
Nem o supremo fito do poeta tem códigos de barra
Meu peito é assim feito de utopia, sem mapas,
Sem fronteiras, pois, para um poeta, não há cancelas,
Ele se serve da utopia para caminhar...
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O corpo e o seu sopro na dor
Não é de fingimento, acredite!
O poeta adentra no céu ou na boca
Do inferno, aos ventos acontece
Sem medo, sem titubear,
Pois é o mundo o seu cerne
No máximo dos seus versos,
A poesia que fica, o que significa!
O resto não passa de pegadas vãs da carne
Na aresta do piçarro - poeira e pó, barro no barro.
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Vou e volto dentro do Eu-varzeano, fortaleço-me
Ao sopro do poema - vento no Vapor, vertente de esperança
Do lume ao vagalume na tarde
Que cai nas lembranças do açude!
Eu sou poeta, sou de carne e osso.
Eu sinto a alma. O corpo voa! E como voa...
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Não me detém o mundo atroz: suas porteiras, suas trancas
Feitas de mofo, o vento as leva para longe,
A léguas e léguas de mim - enquanto chego
E parto a qualquer hora!
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Beto Bello

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