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ENCANTADO



ENCANTADO
AUTOR: JOÃO LUDUGERO.

Ao cair da tarde,
Eu deixei meus olhos nas margens do rio Joca.
Eu mergulhei fundo nas suas águas salobras;
E meus olhos se debulharam em lágrimas,
Lágrimas de saudade.

Já os teus olhos verdes ficaram lá,
Feito pérolas que se formaram no açude
e foram devolvidas ao rio,
quando o Calango sangrou de cheio
Transbordando paredão a fora,
Escoando de dentro do meu peito.

Ao alaranjado crepúsculo,
Apareceram uns anjos que passavam ao léu
E colheram os olhos teus,
Como se fosse num prato de Santa Luzia...
Mas eu os furtei só para mim,
Direto da porta do céu, na entrada.

E agora estou aqui escravo, encandeado
Cego de desejo de te possuir, de fato,
Feito ave de arribação, nômade coração cigano.
Como castigo, fiquei cativo dos teus olhos
E trago-os em mim, a todo instante, é preciso.
É o que me abre clarão quando a noite chega,
E já não mais chora pelas ruas da minha Várzea
Aquela mulher que pranteava a solidão da rua.

Pra ser exato, falando francamente,
Teus olhos se instalaram em mim, de pronto,
Acho que desde o dia em que te conheci.
Lembro-me muito bem, quando teus olhos emergiram
Naquela manhã de sol varzeana, de súbito,
Quando um pássaro saltou além do azul
Da igreja-matriz de São Pedro apóstolo,
Por entre as duas palmeiras imperiais,
E eu me encantei para sempre,
Sem nenhuma chance de dizer que não!

E assim, era uma vez a lenda
Da Mulher Que Chora...
Logo, sigo encantado, admirando a vida;
Prossigo meu caminho, sorrindo ou chorando
De Amores ou de contente
Por me achar na luz dos olhos teus...
Porque um homem também chora,
Porque um homem também chora de felicidade!
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João Maria Ludugero

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