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SOLITÁRIO DO RIO JOCA



SOLITÁRIO DO RIO JOCA
Autor: Ludugero

Sou um homem sozinho,
No meu passo a passo na areia quente,
Depois do adeus às margens do rio Joca.

Arde o sol a pino,
Envergo minhas mãos
Num gesto derradeiro.
A miragem paralisa a luz
Num único aceno, último adeus.

Os destinos não mais se cruzam
Na agonia das distâncias, léguas e léguas
E na dureza das linhas, dos traços da mão
A vida cigana se aquietará num canto;
Restarão lembranças que me seguram pela cintura,
que se ocuparão de embrenhar-se,
noites afora a vida inteira, em claro,
a rastrear resquícios desses dias.

Sou varzeano, sigo sozinho,
Mas não entrego os pontos.
Caminhando nas areias quentes do rio Joca.
A mão sustenta apenas sobras do que se foi,
Rasgos do que chamam de felicidade.
Na outra, o breve instante de um perfume.

E a vida segue a sua engrenagem, seus dentes.
A cidade não cabe em minha angústia.
Nem sabe de de tudo o que me resta no peito
Para o frio demasiado que me assola o espírito
E as suposições do rumo que tomou a minha vida.

Acato, enfim, as sobras da manhã
Ao largo do açude de tantas lembranças.
Escolho caminho incerto, na tentativa de te tirar
Das entranhas, cansei de velar esse amor sepultado.

Além do paredão do Calango, abro os olhos
Entrecortada a alma, o passo entregue, sigo firme
Perdido sobre o mapa da saudade,
Deserto pelas ruas de São Pedro,
Ainda acredito na flor que brotará amanhã,
Além da aridez das pedras.
Ainda me amo!
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Beto Bello

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